Idosos quebram preconceitos e se tornam empreendedores
Localizado no Chelsea, em Nova Iorque, o Senior Planet Exploration Center é um espaço de coworking especialmente desenvolvido para idosos. Equipado com tecnologia de última geração para smarthphones, com banda larga, oferece treinamento colaborativo, cursos sobre quase tudo – de fotografia digital a como abrir uma loja online – eventos especiais e exibições. Além de um laboratório de soluções tecnológicas, o centro abriga estações de computadores de acesso público, uma mesa de trabalho de projeto comum, um recanto de bate-papo com vídeo e uma “sala de estar” equipada com sofás e jogos eletrônicos. Há outros seis no país.
Não é novidade: abriu as portas em 2013 e é resultado de um projeto que começou na internet em 2006 e foi relançado em 2012. O site que pretende promover o Envelhecimento com atitude, foi criado por Tom Kamber, um empreendedor social e educador que é diretor-executivo da OATS – Older Adults Technology Services, uma ONG que ensina o básico do email aos idosos, ajuda pacientes geriátricos a gerenciar informações médicas e capacita ativistas a construir redes comunitárias para a mudança social.
A novidade, no Senior Planet Experiment Center e em outros locais, é a participação dos mais velhos em novos negócios. Uma pesquisa recente do sobre as pequenas empresa norte-americanas, feita pelo Babson College registrou que 51% desses negócios são administrados por pessoas com 50 anos ou mais – um crescimento relevante em relação aos 46% de 2007. Essas pequenas empresas permanecem abertas por mais tempo do que as criadas pelas gerações mais jovens: 70% delas seguiam abertas três anos após sua criação contra apenas 28% das empresas administradas por empreendedores mais jovens.
Isso não quer dizer que o preconceito do mercado de trabalho contra os mais velhos esteja diminuindo. O site de emprego iHire fez uma pesquisa e concluiu que 53% dos baby boomers – os nascidos entre 1946 e 1964 – se sentiram discriminados por idade no trabalho, inclusive tendo problemas para conseguir empregos para os quais são qualificados.
O Senior Planet sonha relegar o chamado idadismo a peça de museu, eliminando o estereótipo de que velhos são incapazes de usar a tecnologia ou aprender coisas novas. A repórter Lauren Smiley, da Massachusetts Technology Review, do MTI, participou de um curso chamado Work e relatou que os idosos estavam aprendendo a usar o Google Hangouts e que alguns pareciam dispostos a começar novos negócios, apesar do preconceito.
À Lauren Smiley, Tom Kamber, disse o envelhecimento faz mais que atrasar as pessoas: o horizonte delas é mais curto e seus sonhos tornam-se mais críticos e urgentes. Kamber acredita que mais que a idade, a barreira para o empreendedorismo ou o sucesso, pode ser a tecnologia. “Quando você é um veterano, tem uma ideia e quer fazer acontecer, alguém tem que ajudar um pouco”.
Há empreendimentos brasileiros feitos por gente mais velha que parecem estar dando certo. Caso da plataforma Morar.com.vc, criada por Marta Monteiro, que trabalhava com o mercado imobiliário e Veronique Forat, especialista em marketing de relacionamento. Já tinham mais de 60 anos quando se conheceram num workshop sobre Reinvenção do Trabalho após os 60 e resolveram criar uma startup que ajuda idosos a encontrar pessoas para compartilhar uma moradia – o que, na linguagem dos estudantes, seria chamado de “república”. O negócio entrou em operação em março de 2017. Mais de duas mil pessoas já preencheram o formulário e cerca de 200 resultaram em acordos efetivos de moradia compartilhada. Elas agora estão automatizando a operação, que era manual.
O Lab 60+ é outro exemplo de iniciativa bem sucedida – um movimento que desde 2014 atua com parcerias e oferece cursos e experiências para os idosos nas áreas de Informação e Conhecimento, Imagem e Representação, Saúde e Bem Estar e Protagonismo e Realização. Foi criado por Sergio Serapião, que ainda está longe de ser idoso – tem 44 anos.