Velhos aquecem mercado de flipfones no Japão
No Japão, os flipfones, aqueles celulares antiquados que nenhum jovem quer ter, estão tendo uma segunda chance. Segundo reportagem do jornal Japan Times, as lojas que lidam com os chamados garakei tem vendido muitos aparelhos para uso de idosos.
A Keitaiichiba Co, uma empresa de Tóquio que tem dez lojas dedicadas a equipamentos usados recebe até cartas de agradecimento dos consumidores. Um deles festejou: “Encontrei um telefone celular para minha mãe de 85 anos!”
A empresa abriu sua primeira loja em novembro de 2017. Um dos atrativos é o preço médio dos equipamentos usados,que fica abaixo dos 200 reais. A maioria dos compradores é de homens, e cerca de 30% dos clientes compram os aparelhos para os pais.
Os flipfones podem estar com os dias contados, porque as operadoras de telefonia móvel estão prestes a encerrar os serviços 3G. A boa notícia para os velhinhos que se atrapalham com as mil e uma utilidades dos smartphones é que algumas empresas estão preparando flipfones compatíveis com o 4G. São os garaho, um termo que nasce da mistura e garakei e sumaho, ou smartphones.
O número de aplicativos disponíveis é limitado, mas eles devem ser tão fáceis de usar e baratos quanto os garakei.
As lojas brasileiras oferecem diversos aparelhos especialmente desenhados para idosos. Tem botões físicos maiores, lanterna e uma tecla SOS, além de custarem menos de R$ 100.
Kaiwei Tang, um designer que por muito tempo projetou smartphones para grandes empresas como Nokia e Motorola, começou a ficar incomodado com a imagem recorrente de pessoas alisando olhando a tela de seus aparelhos em restaurantes, parques e metrôs e resolveu pesquisar o que acontecia quando essa gente tinha de abandonar seus smartphones. Percebeu que após a ansiedade inicial, todos começavam a prestar atenção nos prédios, nas nuvens, no céu, em seus amigos. “Foi encorajador”, resumiu. Junto com um artista de sua incubadora, Tang decidiu criar um telefone simples, para fazer chamadas, unicamente, o Light Phone, que já está na segunda edição. Tem menos funções e o marketing baseado na ideia de que a vida não cabe na telinha. Custa 150 dólares.
A Samsung lançou o W2018, um flipfone e a Nokia, o modelo 8110, apelidado de banana phone, que é um flipfone 4G amarelo como a fruta de que tirou o nome. Roda sua versão do Whastapp e em breve, vai oferecer Facebook e Youtube também. Ou seja, adeus à ideia de telefone só para telefonar. Mas alguns criadores de aplicativos apostam numa função “Não perturbe”, que impede notificações e no “Screen Time”, que permite às pessoas ver quanto tempo estão gastando. no telefone deles.
Diante disso, vale a pergunta, se a questão é facilidade de uso e liberdade para olhar ao redor não seria mais fácil comprar um flip de segunda mão?
As estatísticas norte-americanas vão noutro sentido: lá, a proporção de adultos com 65 anos ou mais que possuem smartphones aumentou 24 pontos percentuais (de 18% para 42%) entre 2013 e 2017, quando metade dos idosos já tinham algum tipo de smartphone; em 2013, essa participação era de apenas 23%. Os mais velhos usam menos os smartphones: o percentual é de 59% entre os 65 a 69 anos; de 49% entre os de 70 a 74 anos; 31% entre os 75 e 79 e só 17% de 80 anos ou mais.