Duas novas pesquisas contestam epidemia de solidão entre idosos

Idosos, hoje, têm menos probabilidade de enfrentar uma vida de solidão do que teriam 20 anos atrás, mostraram pesquisas recentes realizadas na Europa e nos Estados Unidos. ambos os estudos envolvem um grande número de pessoas e foram realizados num prazo dilatado e os resultados não são muito diferentes.

A partir dos dados de um estudo de longo prazo realizado entre 4.880 holandeses com 55 anos ou mais, entre 1992 e 2016, Bianca Suanet e Theo van Tilburg chegaram a conclusões que contrariam o lugar comum sobre o assunto. O trabalho apoiado pela Universidade de Tiburg e publicado no jornal Psicology and Aging, reconhece que a solidão aumenta com a idade, mas constata que nos grupos que nasceram mais recentemente, ela é menos impactante.

O estudo Psicologia e envelhecimento indica que os idosos têm mais parceiros, têm mais contatos diários e desfrutam de uma rede maior e mais variada de amigos. A individualização não seria, necessariamente, um fator para a solidão. ‘Essa é uma descoberta importante, porque significa que podemos encontrar outras maneiras de combater a solidão. Uma saída ocasional e noites de bingo provavelmente têm menos efeito do que um curso para ensinar idosos solitários a fazer novos contatos e ampliar as amizades existentes.”

Conclusão da dupla: não existe a epidemia de solidão que a mídia costuma destacar. Os idosos estão se tornando menos solitários, mas o problema aumenta eem termos coletivos, já que maiores de 75 anos tem maior probabilidade de ficarem solitários porque parceiros e parentes morrem.

Bianca Suanet recomenda que os idosos cultivem conscientemente seus laços sociais, fazendo amigos que possam ajudá-los a superar a crescente solidão à medida que envelhecem. Sugere ainda que as intervenções para reduzir a solidão se concentrem em reforçar os sentimentos de controle dos idosos, em vez de apenas oferecer atividades sociais.

“As pessoas devem gerenciar suas vidas sociais hoje melhor do que nunca, já que as comunidades tradicionais, que ofereciam meios sociais, como bairros, igrejas e famílias extensas, perderam força nas últimas décadas”, diz a pesquisadora holandesa. “Hoje, os idosos precisam desenvolver habilidades de resolução de problemas e definição de objetivos para manter relacionamentos satisfatórios e reduzir a solidão”.

Na mesma linha segue o estudo realizado pela doutora Louise C.Hawkley, do National Opinion Research Center, uma das maiores organizações independentes de pesquisa social dos Estados Unidos, ligada à Universidade de Chicago e também publicado no jornal Psicology and Aging. Ela e alguns colegas vasculharam os dados de duas pesquisas com idosos, a do National Social Life, Health and Aging Project e a do Health and Retirement Study, para comparar três grupos de adultos norte-americanos nascidos em períodos diferentes ao longo do século XX.

Os dados de 3.005 adultos nascidos entre 1920 e 1947 foram analisados entre 2005 e 2006. Nova rodada de interpretação, agora de 3.377 pessoas – incluindo aas que estavam vivas e tinham participado do primeiro estudo – foram checados entre 2010 e 2011. A terceira pesquisa, de 2015 a 2016, envolveu 4.777 adultos, que incluíram uma amostra adicional de adultos nascidos entre 1948 e 1965 aos respondentes sobreviventes das duas pesquisas anteriores.

O objetivo era examinar o estado civil, número de membros da família, nível educacional, saúde geral e grau de solidão dos participantes, criando uma escala de ruim a excelente. Eles descobriram que a solidão diminuiu entre as idades de 50 e 74, mas aumentou após os 75 anos, mas não houve diferença na solidão entre os baby boomers e os adultos com idades semelhantes das gerações anteriores.

“Os níveis de solidão podem ter diminuído para adultos entre 50 e 74 anos, porque eles tiveram melhores oportunidades educacionais, assistência médica e relações sociais do que as gerações anteriores”, disse Hawkley.