Consumo de chá pode prevenir depressão, aponta pesquisa com chineses idosos

O consumo diário consistente de chá previne os sintomas da depressão constatou um recente estudo que envolveu dados de mais de 13 mil chineses idosos. Na divisão por idade e sexo, os pesquisadores constataram que a associação entre beber chá e sintomas menos depressivos só era significativa entre homens na faixa de 65 a 79 anos.

O trabalho está publicado no BMC Geriatrics, uma revista de acesso aberto que publica artigos científicos. Feng Qiushi, professor associado da Sociologia da Universidade Nacional de Cingapura que liderou a equipe, é cauteloso diante desses resultados e sugere que novos estudos sejam realizados.

Ao analisar os dados de 13 mil chineses envolvidos na Pesquisa Longitudinal Saudável e Longevidade Chinesa (CLHLS), que abrange o período de 2005 a 2014, a equipe liderada por Qiushi levou em consideração idade, sexo, residência, escolaridade, estado civil e tipo de aposentadoria dos idosos. Os pesquisadores consideraram ainda o estilo de vida e as condições de saúde antes de calcular seus resultados, identificando se os idosos fumavam ou consumiam álcool, eram ativos e qual a condição cognitiva dos participantes. Calcularam até mesmo o engajamento social deles.

O consumo de chá não foi a única variável relacionada à menor presença de sintomas depressivos: vida urbana, nível de escolaridade, estado civil, adequação econômica, melhor saúde e envolvimento em atividades sociais também se relacionavam a sintomas menos depressivos.

O consumo de chá é maior entre os homens que vivem nas cidades e tem maior escolaridade. Os bebedores de chá tendem a fumar e beber, mas tem um melhor funcionamento físico e cognitivo e são mais envolvidos socialmente.

Conclusão: “Beber chá consistente e frequente pode efetivamente reduzir o risco de sintomas depressivos para idosos chineses. A promoção do estilo de vida tradicional de beber chá pode ser uma maneira econômica para o envelhecimento saudável da China.” A pesquisa sobre os dados chineses vai agora distinguir os diversos tipos de chá, na tentativa de identificar o que funciona mais contra a depressão.

Resultados similares já tinham sido identificados em outra pesquisa de menor escala, realizada em 2017. Feng Lei, professor assistente no departamento de medicina psicológica da Universidade Nacional de Cingapura e sua equipe publicaram um artigo no Journal of Prevention of Alzheimer’s Disease.

O estudo longitudinal envolveu 957 idosos chineses com 55 anos ou mais descobriu que o consumo regular de chá reduz o risco de declínio cognitivo em idosos em 50%, enquanto portadores do gene APOE e4 (geneticamente propensos a desenvolver a doença de Alzheimer) podem experimentar uma redução do risco de comprometimento cognitivo em até 86%.

Os benefícios a longo prazo do consumo de chá se devem aos compostos bioativos nas folhas de chá que tem potencial anti-inflamatório e antioxidante e outras propriedades bioativas que podem proteger o cérebro de danos vasculares e neurodegeneração.