Estudo comprova relação entre massa muscular e doenças cardiovasculares na velhice

Está em qualquer manual da boa velhice: quem quer envelhecer melhor deve procurar manter a massa muscular, que diminui com a idade. E para isso, o remédio é exercício. Agora, uma nova pesquisa comprova o quanto a massa muscular esquelética (SMM em inglês) é inversamente proporcional à condição cardiológica e ao processo de envelhecimento. Mais massa muscular, menos risco de doenças coronarianas. A afirmação se apóia em um estudo que envolveu 1019 gregos adultos com mais de 45 e identificou entre eles os que tinham desenvolvido doença cardiovascular.

A vantagem é grande: homens que entram na meia-idade com bastante massa muscular reduzem o risco de doenças cardíacas em até 81%. No artigo, publicado na edição de janeiro do Journal of Epidemiology and Community Health, um grupo internacional de cientistas apresentou o resultado de uma análise aprofundada dos dados de um conhecido estudo em andamento na Grécia. O estudo ATTICA é uma pesquisa em saúde e nutrição que realizada na província de Attica (com 78% de áreas urbanas e 22% de áreas rurais, incluindo Atenas). A amostragem foi aleatória, de vários estágios e com base na distribuição cidade/gênero/idade da província de Ática, fornecida pelo Serviço Nacional de Estatística, dentro do censo de 2001 e apenas um participante por domicílio foi selecionado. De maio de 2001 a agosto de 2002, 3355 habitantes foram escolhidos aleatoriamente. Entre eles, 2282 (taxa de participação de 68%) concordaram em participar e fornecer amostras de sangue para análises bioquímicas e genéticas, além de todas as informações sociodemográficas, de estilo de vida e médicas solicitadas, incluindo avaliação psicológica.

Nenhum participante tinha evidências clínicas de doenças cardiovasculares ou outras doenças ateroscleróticas, ou infecções virais crônicas. A amostra de trabalho do estudo agora publicado foi composta por 1019 participantes, com mais de 45 anos (534 homens e 485 mulheres). Para medir a massa muscular, os pesquisadores criaram um índice de massa muscular esquelética (SMI).

Dez anos depois, os participantes voltaram ao laboratório para nova rodada de testes, focados em sua saúde cardiovascular. Quase 27% dos participantes, tinham doenças cardíacas e a incidência era seis vezes maior entre os homens. Mas o importante é que a massa muscular das pessoas no início do estudo estava relacionada diretamente à incidência de doenças cardíacas. A turma com problemas no coração, como dizemos popularmente, era formada principalmente pelo pessoal com baixo SMI. Essa associação permaneceu significativa quando os cientistas controlaram a dieta, a educação e a atividade física das pessoas, mas não quando analisaram o gênero. A massa muscular das mulheres não foi associada a riscos posteriores de doenças cardíacas, em grande parte porque poucas mulheres desenvolveram doenças cardíacas. Em geral, as mulheres tendem a ter doenças cardíacas cerca de 10 anos depois que os homens.

O músculo esquelético fornece a força e o poder que precisamos para compreender, alcançar, elevar e caminhar e é um dos tecidos mais versáteis e ativos do corpo. Também é essencial para nossa saúde metabólica, consumindo e armazenando açúcar no sangue e produzindo hormônios especializados que chegam a outros tecidos, como o cérebro e as células adiposas, onde iniciam vários processos bioquímicos.

Nossa massa muscular diminui à medida que envelhecemos. Essa perda começa por volta dos 40 anos, se acelera à medida que passamos pela meia-idade e não provoca apenas aquele balanço desagradável do bíceps pendurado, quando acenamos para o netinho. A perda muscular grave, conhecida como sarcopenia, está associada a fragilidade e outras condições médicas em idosos, além de perda de independência e morte prematura.

A boa notícia é que quem se exercita regularmente e tiver o índice SMI mais alto, tem menos chance de desenvolver doenças cardiovasculares. Infelizmente, o estudo não é capaz de dizer o quanto adianta muito um velhinho se inscrever numa academia ou comprar um par de halteres aos 67 anos. Não para virar um Adonis da melhor idade (já que falamos de Grécia), mas para garantir que seu sistema cardiovascular vai seguir operando.