Coronavírus é muito mais letal para idosos
As estatísticas dos três primeiros meses de acompanhamento do coronavírus indicam que adolescentes e jovens na casa dos 20 anos apresentam índices menores da doença do que adultos e idosos. Apenas 8,1% entre 72.314 casos registrados na China estão na casa dos 20 anos; 1,2% são adolescentes e 0,9% tinham nove anos ou menos. Segundo a Organização Mundial de saúde, 78% dos casos relatados até 20 de fevereiro estavam entre os 30 e os 69 anos.
Os números são muito diferentes em relação à mortalidade. Em termos gerais, 2.3% dos casos confirmados terminaram com o óbito do paciente, mas entre os chineses com 80 anos ou mais, a taxa de mortalidade foi de 14,8% – numa provável consequência da condição geral de saúde, de outras doenças ou de um sistema imunológico mais fraco. A mesma taxa foi de 1,3% para pacientes na casa dos 50, 0,4% para a turma dos 40 anos e e 0,2% entre pessoas de 10 a 39 anos.
Esse risco de morte parece refletir a condição do sistema respiratório. No Hospital Central de Wuhan, onde eclodiu o problema, cerca de metade dos 109 pacientes tratados tiveram síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA), com acúmulo de fluido nos pulmões, que restringe a quantidade de ar absorvida e fornecida aos órgãos vitais. Metade com pacientes com SDRA morreu, enquanto entre os outros pacientes afetados pelo coronavirus a mortalidade ficou em 9%.
Os idosos “eram mais propensos a desenvolver SDRA”, escreveram os pesquisadores, indicando que a idade torna o coronavírus mais fatal. Os pacientes com SDRA tinham uma idade média de 61 anos, em comparação com uma idade média de 49 anos para aqueles que não desenvolveram SDRA.
A juventude, ao contrário, parece ser um fator protetor. A missão da OMS na China relatou uma incidência relativamente baixa em menores de 18 anos, que representaram apenas 2,4% de todos os casos relatados: em Wuhan, até meados de janeiro, não haviam encontrado o vírus em nenhuma criança – e os pesquisadores não sabem se não há mesmo criança alguma infectada ou se elas não apresentam sinais da doença, ainda que infectadas. Também entre os 10 e os 19 anos, são raros os casos: 1,2% do total, com apenas uma morte.
Em termos de gênero, a diferença é menor: há 106 homens com a doença para cada 100 mulheres, segundo os dados nacionais chineses. Em Wuhan, um estuo com 1.099 pacientes do Covid-19 até 29 de janeiro encontrou um desequilíbrio maior: 58% eram do sexo masculino.
Na Itália, onde 23,2% por cento da população tem mais de 65 anos (a segunda mais idosa do mundo, depois do Japão), o que complica ainda mais a situação, os 79 mortos tinham entre 63 e 95 anos. Chegou a circular a informação de que o papa Francisco teria contraído o vírus, mas era fake news.
Nos Estados Unidos, o registro de casos num lar de idosos em Seattle acendeu a luz vermelha. Os especialistas temem que a disseminação nesses locais possa ser tão rápida e geral quanto a registrada no navio de cruzeiro Diamond Princess, colocado em quarentena no Japão. Mais de dois milhões de norte-americanos idosos vivem em instituições de longa permanência.
Em São Paulo, a Prefeitura informa que a Coordenadoria de Vigilância em Saúde organiza nos próximos dias capacitação aos profissionais que atuam nos Centros de Acolhida aos Idosos da capital. Cerca de 4 mil profissionais de saúde e educação já foram capacitados sobre a situação epidemiológica.