Exercícios simples podem retardar envelhecimento do cérebro
Atividade física pode retardar o encolhimento do cérebro humano que acontece com a idade, revela um novo estudo cujos resultados serão apresentados na reunião anual da Academia Americana de Neurologia, em abril. A notícia fica ainda melhor com o acréscimo: é possível retardar o envelhecimento cerebral correspondente com atividades tão banais quanto passear regularmente, cuidar do jardim ou dançar.
A líder do estudo, a professora Yian Gu, PhD, da Universidade de Columbia não poupou entusiasmo: “Esses resultados são emocionantes, pois sugerem que as pessoas podem prevenir o encolhimento do cérebro e os efeitos do envelhecimento no cérebro simplesmente se tornando mais ativos”. Outras pesquisas, anteriores, já haviam estabelecido conexões virtuosas entre a atividade física e a cognição em idosos.
O estudo comandado pela professora Gu e colegas envolveu ressonâncias magnéticas em 1.557 idosos com 75 anos em média, participantes do Projeto de Envelhecimento Washington / Hamilton Heights-Inwood Columbia (WHICAP). Embora nenhum dos participantes apresentasse demência, 296 tinham comprometimento cognitivo leve e 28% apresentavam o gene APOE E4, normalmente associado ao Alzheimer.
Os pesquisadores alertam para algumas limitações do estudo – ele não prova que o exercício impeça o encolhimento do cérebro e, como a atividade física é baseada em relato dos pacientes, pode ser afetada pelo exagero dos declarantes.
De qualquer modo, na média, as pessoas mais ativas têm cérebros maiores, o que levou a professora Gu a afirmar que o estudo valida a recomendação de praticar exercícios – e não apenas por causa das vantagens para o sistema cardiovascular.
As pessoas mais ativas fisicamente, analisadas no estudo, se envolviam em alguma dessas atividades toda semana:
• Sete horas de atividade física de baixa intensidade, como caminhadas, dança, boliche ou jardinagem.
• Ou quatro horas de atividade física moderada, como nadar, caminhar ou jogar tênis.
• Ou duas horas de atividade física de alta intensidade, como corrida.
A doutora Gu lembra que é melhor se tornar ativo o mais cedo possível na vida para promover a saúde do cérebro, mas pediu cautela antes de começar uma rotina de exercícios e sugeriu que seja feita uma consulta ao médico de cada um.
As pesquisas da doutora Gu têm como objetivo entender o papel da dieta, atividades físicas, sono e outros fatores do estilo de vida no envelhecimento cerebral, envelhecimento cognitivo e doenças neurodegenerativas. O objetivo de longo prazo dela é elucidar os mecanismos para a relação estilo de vida-cérebro, usando várias medidas biológicas, incluindo biomarcadores de neuroimagem, biomarcadores circulantes, perfis genéticos, etc.
Em 1996, pesquisadores da Universidade de Boston acompanharam 1.583 pessoas, com média de idade de 40 anos, todas elas sem demência ou doenças cardíacas. Elas fizeram testes de esforço em uma esteira e também se submeteram a tomografias do cérebro. Vinte anos depois, em 2016, repetiram os procedimentos e notaram que as pessoas que tinham registrado resultados ruins no primeiro exame tinham cérebros menores.