Europa pode ampliar quarentena para idosos até surgir uma vacina

Autoridades europeias já admitem a possibilidade dos idosos ficaram em isolamento até o surgimento de uma vacina – o que estenderia a regra do distanciamento social para os maiores de 65 anos até o final do ano, na melhor das hipóteses.

Nesta terça-feira, a ministra da Saúde de Portugal, Marta Temido, reforçou o raciocínio esboçado pela presidente da União Europeia, Ursula Van der Leyen ao jornal alemão Bild no final de semana e sinalizou que os portugueses mais velhos poderão ter de cumprir o isolamento social até o surgimento de uma vacina.

Ao Bild, Van der Leyen reconheceu: “Sei que é difícil, que o isolamento é um peso, mas essa é uma questão de vida ou morte. Devemos ser disciplinados e permanecer pacientes.

Marta Temido relativizou a situação, afirmando que o governo português vai acompanhar as recomendações e que o problema é global, mas, afinal, admitiu: “Ainda nos espera muito trabalho, muita resistência, e se essa for a recomendação mais adequada, pois claro que a acompanharemos.”

A ministra evitou falar em datas ou medidas concretas: “É num equilíbrio entre incerteza e esperança que temos de nos mover. Nada nos próximos tempos — se é que alguma vez — vai ser como antes, e temos de saber viver com isso e de nos adaptar”.

A fala da ministra coincide com a do primeiro-ministro António Costa à rádio Observador: “Devemos sempre procurar impor o menor número de restrições possível”, disse. Mas as pessoas mais velhas são mais frágeis e sofrem as consequências mais graves da doença: “O vírus não anda sozinho, somos nós que o transportamos”, e “quando dizemos às crianças para não visitarem os avós é para os proteger”.

No final de semana passado, como parte da operação ‘Páscoa em casa’, realizada pela Polícia de Segurança Pública e pela Guarda Nacional Republicana, mais de oito mil idosos que vivem sozinhos ou isolados foram contatados telefonicamente. Vinte e seis deles apresentavam sintomas de problemas psicológicos e foram encaminhados para linhas de apoio.

Outra preocupação das duas forças de segurança foi com a violência doméstica, que pode ter aumentado em razão da quarentena. Nos últimos dias, foram apresentadas 113 denúncias, uma queda de 47% em relação ao mesmo período de 2019 e dez pessoas foram detidas, sendo nove em flagrante. A diminuição das denúncias tem a ver com o isolamento e a dificuldade de ir a uma esquadra da PSP e por so foram criados canais de contato por e-mail e telefone. Mas a GNR registrou 19 queixas de violência doméstica durante a Páscoa, menos 15% do que no ano anterior na mesma época.

Por sua vez, a GNR, que partilha de preocupação idêntica da PSP, registou, durante o período da Páscoa 169 queixas por violência doméstica, menos 15% do no mesmo período de 2019.

Portugal está em estado de emergência desde o dia 19 de março e até 17 de abril devido à pandemia de covid-19.