Em Tempo https://emtempo.blogfolha.uol.com.br Velhices, longevidade, superação Wed, 26 Aug 2020 17:32:57 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Pesquisadoras brasileiras alertam para urgência de cuidar dos lares de idosos na pandemia https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/26/pesquisadoras-brasileiras-alertam-para-urgencia-de-cuidar-dos-lares-de-idosos-na-pandemia/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/26/pesquisadoras-brasileiras-alertam-para-urgencia-de-cuidar-dos-lares-de-idosos-na-pandemia/#respond Wed, 26 Aug 2020 17:04:49 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/soldiers-covid-.jpeg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=632 O coronavírus tem algumas preferências para contaminar e vitimar humanos – e uma das mais óbvias são o que o Brasil resolveu chamar de instituições de longa permanência – os antigos asilos ou lares de idosos. Se não há dados confiáveis sobre o avanço da pandemia no país, menos ainda são as informações sobre esse segmento, que abriga menos de 1% de nossos velhos.

Em artigo apresentando na Geriatrics Gerontololy and Aging, publicação científica trimestral da Sociedade Brasileira de Gerontologia, Helena Akemi Wada Watanabe, Marisa Accioly Rodrigues da Costa Domingues e Yeda Aparecida de Oliveira Duarte reclamam uma ação imediata nessas instituições: “Nós estamos gritando pela atenção a essas pessoas que, em sua maioria, não podem mais gritar por ajuda e estão esquecidas nesses locais. Faz-se imprescindível uma ação imediata, pois elas não possuem reserva para resistir sem ajuda. Isso ocorre de forma especial nas instituições pequenas, muitas delas ilegais e desconhecidas. Existem em todo o país e precisam ser vistas e ajudadas nesse momento”.

As pesquisadores lembram que o Censo realizado há uma década pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indicou a existência de cerca de 90 mil idosos vivendo nas 3.600 instituições do gênero no pais – a maioria (65%) filantrópica)Um inquérito nacional realizado entre 2016 e 2018 concluiu que havia aproximadamente 51 mil velhos vivendo em instituições públicas e filantrópicas do país, sendo 65% semi-dependentes ou dependentes e, portanto, frágeis; hoje esse número pode chegar a 78 mil, calculam.

As instituições semelhantes nos Estados Unidos estão obrigadas, a partir desta terça-feira, a testar suas equipes e oferecer testes aos residentes. Os resultados deverão ser compartilhados com o governo e com os hospitais. Em julho, o governo comprou mais de 750 mil testes para serem distribuídos aos lares de idosos. Além disso, a administração Trump liberou US $ 5 bilhões adicionais de um fundo federal para ajudar essas instituições na pandemia.

Algumas instituições estão testando um anticorpo que pode evitar a contaminação dos idosos que vivem nesses locais. Isso já aconteceu no Heartland Health Care Center, uma casa de repouso em Moline, Illinois, uma das primeiras instituições a ser incluída nesse experimento. Tudo começou no último dia do mês passado, quando um membro da equipe de enfermagem testou positivo. No dia seguinte, um supervisor de enfermagem da instituição ligou para o laboratório Eli Lilly, que estava em busca de teste para um anticorpo monoclonal desenvolvido a partir do sangue de um sobrevivente da Covid 19. Um medicamento caro e difícil de produzir.

Mais 24 horas e dois veículos do laboratório estacionavam em frente à casa de repouso: um caminhão levando cadeiras especiais, suporte para bolsas de infusão, mesas de cabeceira e telas de privacidade. No outro, havia uma espécie de laboratório móvel com freezers, centrífuga e computadores.

A sala de jantar da instituição virou um mini-hospital, onde 25 dos 80 residentes (os que concordaram em participar voluntariamente) foram incluídos no experimento. Os velhos não sabem se estão recebendo o tal anticorpo monoclonal, desenhado para se prender ao vírus e bloquear sua entrada nas células, ou um placebo. A droga precisa ficar entre um e três meses no corpo dos participantes. O mesmo estudo está sendo realizado em outros lares de idosos nos Estados Unidos. O laboratório quer inscrever 2.400 residentes e funcionários e já tem 125 concordâncias.

O doutor Myron Cohen, pesquisador da Universidade de Carolina do Norte, que propôs o ensaio e foi entrevistado pela repórter Gina Kolata do New York Times explica sua motivação: “Algumas pessoas perguntam: ‘Se temos uma vacina, por que fazer isso? Mas uma vacina leva um mês para produzir anticorpos, e algumas populações precisam de uma intervenção mais emergente.”

O dr. Cohen ficou impactado com os relatos de moradores infetados morrendo sozinhos, sem que as visitas fossem permitidas e com o avanço da doença sobre as equipes clínicas: “Os executivos das casas de saúde estavam ansiosos para participar do estudo. No final das ligações, fiquei muito abalado, Eles explicaram o sofrimento inacreditável de clientes e famílias.”

Este é o último texto do blog na Folha de S. Paulo. O primeiro foi publicado em 12 de fevereiro de 2019 e falava de uma pequena cidade italiana cujo prefeito queria criar uma vila de aposentados de todo mundo – bem antes da pandemia. O autor agradece a acolhida do jornal neste período e seguirá acompanhando o tema, já que este é seu lugar de fala, como dizem…

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Americanos subestimam letalidade da Covid-19 entre os velhos, segundo pesquisa https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/22/americanos-subestimam-letalidade-da-covid-19-entre-os-velhos-segundo-pesquisa/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/22/americanos-subestimam-letalidade-da-covid-19-entre-os-velhos-segundo-pesquisa/#respond Sat, 22 Aug 2020 09:28:14 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/masks-4993310_640-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=628 Novas pesquisas indicam que os norte-americanos subestimam a letalidade da Covid 19 entre os velhos. Embora a maioria ache que as pessoas com mais de 55 anos são responsáveis por pouco mais da metade dos óbitos por coronavírus (57,7%), na realidade esse percentual é de mais de 90%. O engano acontece também ao estimar as mortes entre os que tem menos de 40 anos: os entrevistados estimaram um percentual de cerca de 30% quando o número real é menor que 3%.

As descobertas aconteceram num projeto de pesquisa conjunto Franklin Templeton-Gallup divulgado no final do mês passado. Os resultados são baseados em pesquisas online conduzidas por mais de 10.000 adultos norte-americanos com 18 anos ou mais de 2 a 14 de julho. Os pesquisadores também descobriram que os americanos acreditavam que as pessoas com 44 anos ou menos representavam cerca de 30% do total de mortes por coronavírus, quando o número real era inferior a 3%.

“Quase todas as mortes nos EUA ocorreram entre pessoas com mais de 55 anos; No entanto, um grande número de americanos ainda está convencido de que o risco para os menores de 55 anos é quase o mesmo que para os mais velhos ”, disse Sonal Desai, diretor de investimentos da Franklin Templeton Fixed Income, em um comunicado.

A pesquisa também constatou que os jovens têm um medo da Covid 19 que as estatísticas de óbito não sustentam: 58 por cento das pessoas com idade entre 18 e 24 anos, que respondem por apenas 0,1 por cento de todas as mortes do COVID-19, disseram temer consequências significativas para a saúde se forem infectadas com o vírus.

Os pesquisadores atribuíram as discrepâncias ao partidarismo e às redes sociais: “O medo e a raiva são os motores mais confiáveis do engajamento; histórias assustadoras de jovens vítimas da pandemia, sugerindo que todos corremos o risco de morrer, rapidamente se tornam virais; o mesmo acontece com as histórias que culpam seus adversários políticos por tudo ”, disse Desai. “Tanto a mídia social quanto a tradicional têm produzido ambos os tipos de narrativas para gerar mais cliques e aumentar seu público.”

Foram pessoas que confiaram nas redes sociais como sua principal fonte de informação sobre a pandemia de coronavírus que apresentaram a “percepção de risco mais errônea e distorcida”, de acordo com a pesquisa. Embora o risco de morte por COVID-19 seja mínimo entre os jovens, especialistas em saúde alertam que a pandemia de coronavírus está cada vez mais sendo conduzida por pessoas de 20 a 30 anos que podem ter poucos ou nenhum sintoma, mas representam um perigo para a população idosa muito mais vulnerável.

Outro estudo, este sueco, do Karolinska Institutet mostrou que o grau de fragilidade, uma medida do nível funcional de uma pessoa antes de contrair a doença, pode prever melhor a sobrevida do COVID-19 do que a idade do paciente.A análise de 250 adultos mais velhos multimórbidos que receberam tratamento para COVID-19 no Ageing Theme no Karolinska University Hospital em Huddinge, Suécia, mostrou que três em cada quatro desses pacientes sobreviveram. O estudo foi publicado no Journal of the American Medical Directors Association.

Os velhos têm sim, um risco aumentado de desenvolver casos graves de COVID-19 e morrer da doença, mas as diferenças individuais são grandes. As recomendações gerais da Suécia sobre distanciamento social se aplicam a todas as pessoas com mais de 70 anos, independentemente de sua saúde individual.

A idade mais elevada, mas também a fragilidade, esteve associada a um maior risco de morte durante o período de atendimento. Fragilidade é um conceito relativamente novo usado como ferramenta para descrever o nível funcional de um paciente antes que ele sofresse de uma doença aguda.

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Velhos difundem mais fake news que jovens, dizem pesquisadores norte-americanos https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/13/velhos-difundem-mais-fake-news-que-jovens-dizem-pesquisadores-norte-americanos/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/13/velhos-difundem-mais-fake-news-que-jovens-dizem-pesquisadores-norte-americanos/#respond Thu, 13 Aug 2020 14:31:30 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/velho-laptop.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=622 Dois psicólogos da Universidade de Harvard concluíram que os velhos difundem as chamadas fake news com mais facilidade que outras faixas etárias, não apenas por conta do declínio mental que costuma acompanhar o envelhecimento, mas também por cuasa do isolamento social e da pouca intimidade com o mundo digital.

Nadia Brashier é pós-doutoranda em psicologia na Universidade de Harvard, Daniel Schacter é professor de psicologia na Universidade de Harvard. Ambos veicularam sua pesquisa no Current Directions in Psychological Science, a segunda publicação mais antiga da Association for Psychological Science e depois reverberaram o tema num artigo para o jornal Los Angeles Times.

A dupla lembra que falsidades têm 70% mais probabilidade de serem retuitadas do que a verdade. E que quanto mais velho o internauta, maior o envolvimento com as notícias falsas. Durante a campanha presidencial de 2016, os usuários do Facebook com mais de 65 anos compartilharam quase sete vezes mais artigos de sites de notícias falsos do que os usuários jovens. Embora normalmente esse fato seja vinculado ao declínio cognitivo, Brashier e Schacter concluíram que os adultos mais velhos espalhar desinformação por outros motivos.

A memória episódica – atinge o pico por volta dos 20 e 30 anos e depois diminui e em consequência, os mais velhos podem esquecer de detalhes contextuais, pouco importando, por exemplo, se uma história foi publicada pelo Wall Street Journal ou pelo Daily Buzz Live (um site de notícias falsas).

Mas os psicólogos ressaltam que nem tudo decai com a idade e atestam que jovens e velhos acreditam nas afirmações repetidas porque se sentem “fluentes” ou fáceis de entender. “Repetir uma manchete falsa várias vezes na internet ” – alertam – “cria uma ‘ilusão da verdade” que pode enganar tanto os adultos jovens quanto os mais velhos”.

Há ainda processos cognitivos que melhoram com a idade e que poderiam neutralizar essas vulnerabilidades.
“Os adultos mais velhos acumulam uma vida inteira de conhecimento sobre o mundo, o que pode protegê-los da desinformação. Repetir declarações falsas como ‘o animal terrestre mais rápido é o leopardo’, pode enganar os adultos jovens, mas não os mais velhos. Eles se apegam ao que sabem e, se houver, podem discernir melhor as manchetes reais das falsas fora de um ambiente de mídia social.”

Outra possibilidade seria a de que a facilidade de difundir fake news por causa do isolamento dos idosos, que contribuiria para promover o compartilhamento online. Mas os dois psicológicos ressaltam que adultos mais velhos não são a faixa etária mais solitária e que os picos de solidão ocorrem no final dos vinte anos, em meado dos cinquenta e no fim dos oitenta anos.

O problema é que embora a confiança geral aumente com a idade, a capacidade de detectar mentirosos diminui. “Os adultos mais velhos também priorizam objetivos interpessoais, como entreter o público, em detrimento da precisão ao transmitir informações. Combinadas, essas mudanças sociais podem aumentar o apelo de conteúdo falso, especialmente entre os adultos mais velhos que são novos na internet.”

Os números são claros: há dez anos, apenas 8% dos americanos com mais de 65 anos usavam um site de mídia social. Hoje, esse número chega a 40%. “Esses usuários mais velhos provavelmente têm menos experiência com conteúdo sensacionalista. Eles também tendem a misturar anúncios nativos, projetados para parecerem histórias “reais”, com artigos de notícias e não conseguem detectar imagens manipuladas.”

Quanto mais sofisticadas são as técnicas dos produtores de fake news, pior fica a situação. Mas os dois psicólogos dizem que há maneiras dos mais velhos reduzirem a influência social e preencherem as lacunas de sua alfabetização digital. “Eles precisam exercer ceticismo, mesmo quando as notícias vêm de um amigo de confiança. Eles também podem se proteger fazendo cursos gratuitos de avaliação de notícias e aprendendo o básico das mídias sociais. Mas antes antes de tomar medidas proativas, os adultos mais velhos precisam estar cientes de que esse é um problema sério”.

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Velhos que mantêm olfato têm menos chance de desenvolver demência https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/06/velhos-que-mantem-olfato-tem-menos-chance-de-desenvolver-demencia/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/06/velhos-que-mantem-olfato-tem-menos-chance-de-desenvolver-demencia/#respond Thu, 06 Aug 2020 09:05:47 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/rosas-cheiro-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=613 Um estudo realizado pela Universidade da California em São Francisco e publicado em Alzheimer e Demência: The Journal of the Alzheimer’s Association em 20 de julho de 2020 acompanhou quase 1.800 velhos – na faixa dos 70 anos – por até dez anos e concluiu que os que mantiveram quatro sentidos – audição, visão, toque e olfato – tem até metade do risco de desenvolver demência, em relação aos que tiveram declínio sensorial.

No início do estudo, nenhum participante registrava sinais de demência, mas 18% (328) desenvolveram essa condição com o passar do tempo. A demência apareceu menos entre aqueles cujos níveis sensoriais estavam na faixa mais alta (12%), passou para 19% no nível intermediário e subiu para 27% no grupo com maior perda de olfato, audição, visão e tato. As pesquisas anteriores tinham se voltado para a ligação entre a demência e os sentidos individuais, enquanto os pesquisadores da UCSF foram atrás dos efeitos aditivos de várias deficiências na função sensorial.

“As deficiências sensoriais podem ser devido à neurodegeneração subjacente ou aos mesmos processos de doença que afetam a cognição, como o derrame”, disse a doutora Willa Brenowitz, Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comportamento da UCSF “Alternativamente, deficiências sensoriais, particularmente audição e visão, podem acelerar o declínio cognitivo, impactando diretamente a cognição ou indiretamente, aumentando o isolamento social, reduzindo a mobilidade e piorando a saúde mental.”

As várias deficiências foram analisadas, mas ficou demonstrado que a perda de olfato tem uma associação mais forte com a demência do que o tato, a audição ou a visão. Os participantes cujo cheiro diminuiu em 10 por cento tinham uma chance 19 por cento maior de demência, contra um risco aumentado de 1 a 3 por cento para declínios correspondentes na visão, audição e tato.

“O bulbo olfativo, que é crítico para o olfato, é afetado bem no início do curso da doença”, disse a doutora Brenowitz para a repórter Suzanne Leigh, da UFCS. “Acredita-se que o cheiro pode ser um indicador pré-clínico de demência, enquanto a audição e a visão podem ter um papel mais importante na promoção da demência.”

Os 1.794 participantes foram recrutados de uma amostra aleatória de adultos elegíveis para o Medicare no estudo Saúde, Envelhecimento e Composição Corporal. O teste cognitivo foi feito no início do estudo e repetido a cada dois anos. A demência foi definida por testes que mostraram uma queda significativa dos escores basais, uso documentado de um medicamento para demência ou hospitalização por demência como diagnóstico primário ou secundário.

O teste multissensorial foi feito no terceiro ao quinto ano e incluiu audição (aparelhos auditivos não eram permitidos), testes de sensibilidade ao contraste para a visão (óculos eram permitidos), teste de toque em que as vibrações eram medidas no dedão do pé, e olfato, envolvendo a identificação de odores distintos, como diluente, rosas, limão, cebola e terebintina.

Os participantes que permaneceram livres da demência geralmente tinham cognição superior no momento da inscrição e tendiam a não ter deficiências sensoriais. Aqueles na faixa intermediária tendiam a ter vários comprometimentos leves ou um único comprometimento moderado a grave. Os participantes com maior risco tinham vários prejuízos moderados a graves.

A doutora Kristine Yaffe dos departamentos de Psiquiatria e Ciências do Comportamento, Epidemiologia e Bioestatística e Neurologia da UCSF destacou que mesmo deficiências sensoriais leves ou moderadas em vários domínios foram associadas ao risco aumentado de demência, indicando que as pessoas com função multissensorial deficiente integram um grupo de alto risco que pode ser alvo de intervenção antes do início da demência.

Os 780 participantes com boa função multissensorial eram mais propensos a serem mais saudáveis do que os 499 participantes com função multissensorial ruim, sugerindo que alguns hábitos de vida podem desempenhar um papel na redução dos riscos de demência. O primeiro grupo tinha mais probabilidade de ter concluído o ensino médio (85 por cento contra 72,1 por cento), tinha menos diabetes (16,9 por cento contra 27,9 por cento) e era marginalmente menos provável de ter doenças cardiovasculares, hipertensão e derrame.

Num resumo rasteiro, mas poético, os que foram capazes de identificar cheiros como o de aguarrás, diluentes, limões e rosas estavam mais longe da demência. Parafraseando Cartola, as rosas não falam, mas quem é capaz de lhes sentir o perfume entendem melhor as coisas – inclusive poemas.

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Velhos reagem melhor ao estresse durante a pandemia, revela estudo canadense https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/velhos-reagem-melhor-ao-stress-durante-a-pandemia-revela-estudo-canadense/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/30/velhos-reagem-melhor-ao-stress-durante-a-pandemia-revela-estudo-canadense/#respond Thu, 30 Jul 2020 09:48:41 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/patrick-klaiber--320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=606 Uma pesquisa realizada entre março e abril nos Estados Unidos e no Canadá, com 776 adultos entre 18 e 91 anos revelou que os mais velhos enfrentam melhor os estresses provocados pela pandemia do coronavírus.

O doutor Patrick Klaiber e seus colegas do Departamento de Psicologia da Universidade de British Columbia, em Vancouver, no Canadá, submeteram os participantes a dois questionários diários – pela manhã e à noite – em que deveriam listar seus sentimentos diante de questões específicas como o medo de ser contaminado, fracassos profissionais e outros fatores de stress.

Os resultados, informaram os pesquisadores no Journal of Gerontology: Psychological Sciences repetiram o que já ocorrera em pesquisas anteriores sobre estresse e reação individual: gol dos velhinhos.

Para o doutor Klaiber, o estudo fornece novas evidências de que adultos mais velhos são emocionalmente resilientes, apesar de serem mais vulneráveis à Covid-19. “Também descobrimos que os adultos mais jovens correm maior risco de solidão e sofrimento psicológico durante a pandemia”.

Nas primeiras semanas da pandemia, os adultos mais velhos apresentaram um bem-estar emocional melhor e reagiram menos aos fatores de estresse, ainda que não tenham se diferenciado dos mais jovens diante das ameaças emocionais da Covid-19. Além disso, os mais jovens se beneficiaram mais dos eventos positivos.

A vantagem a favor dos mais velhos avalia o doutor Klaiber, pode estar relacionada a diferenças nos motivos causadores de estresse, de acordo com a idade: “Os adultos mais jovens e de meia-idade enfrentam desafios relacionados à família e ao trabalho, como trabalhar em casa, educar em casa e desemprego. Eles também são mais propensos a experimentar diferentes tipos de estressores não-pandêmicos do que os adultos mais velhos, como conflitos interpessoais”.

E o psicólogo formado em Berlim segue: “Enquanto os idosos enfrentam estressores, como taxas mais altas de contração da doença, complicações graves e mortalidade por Covid-19, eles também possuem mais habilidades de enfrentamento para lidar com o stress da pandemia”.

Os pesquisadores esperam que suas descobertas ajudem a informar o desenvolvimento de programas e estratégias para melhorar a saúde mental de adultos de todas as faixas etárias.

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Vacinas contra coronavírus podem falhar com idosos, alertam pesquisadores canadenses https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/23/vacinas-contra-coronavirus-podem-falhar-com-idosos-alertam-pesquisadores-canadenses/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/23/vacinas-contra-coronavirus-podem-falhar-com-idosos-alertam-pesquisadores-canadenses/#respond Thu, 23 Jul 2020 14:07:56 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/vaccine-4946480_640-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=599 O alerta foi feito por dois imunologistas e professores canadenses da Universidade de Ghelp, Byram W. Bridle e Shayan Sharif ao blog The Conversation: os vacinologistas – e eles se incluem no grupo – têm falhado ao ignorarem o fato de que os velhos respondem mal às vacinas contra a gripe – o que faz supor que o mesmo vá acontecer em relação à imunização contra o novo coronavírus.

Isso acontece por causa do fenômeno que os imunologistas chamam de imunossenescência, que é o declínio do sistema imunológico que acompanha o envelhecimento. É por essa razão que os velhos têm mais doenças inflamatórias – na verdade, eles respondem pior aos ataques e são mais propensos, entre outras mazelas, a desenvolverem doenças respiratórias. E é aí que mora o perigo do novo coronavírus: a principal infecção causada pelo SARS-CoV-2 é a justamente a inflamação no trato respiratório.

Bridle e Sharif alertam para o fato de que a maior parte da experiência da comunidade científica no desenvolvimento de vacinas está ligada a testes realizados com pacientes jovens. “ O fato de as pessoas idosas não responderem bem às imunizações tem sido amplamente ignorado na maioria das discussões sobre as vacinas COVID-19, apesar de este ser o grupo de maior necessidade”, afirmam no artigo.

Os canadenses propõem um método prático de testar o que afirmam – sugerem que os leitores encontrem o maior número possível de artigos de pesquisa originais sobre o tema do desenvolvimento de vacinas que usaram testes em animais (pode ser para qualquer doença) e olhem na subseção da seção “materiais e métodos”, para verificar a idade dos animais.

A dupla diz ter ficado chocada com a descoberta: os ratos, animais mais comuns usados na pesquisa pré-clínica de vacinas, têm, na maior parte dos casos, 12 semanas ou menos, o que equivale a pessoas com 20 anos ou menos. “É comparativamente muito mais raro os estudos usarem camundongos imunosenescentes com pelo menos 18 meses de idade, equivalentes e humanos idosos.” No caso de estudos envolvendo primatas não humanos, como os macacos Rhesus, estes têm entre três e seis anos de idade, o que equivale a um adolescente ou adulto jovem.

“Os ensaios clínicos de fase inicial”, seguem os dois pesquisadores, “concentram-se na segurança, não na eficácia das vacinas. Portanto, muitas vacinas nunca são testadas no contexto do sistema imunológico envelhecido até os ensaios clínicos de Fase 2 e 3. O tempo para descobrir que uma vacina não funciona bem no contexto da imunossenescência não é neste estágio extremamente tardio, quando é tarde demais para resolver o problema. Esse teste deve começar na fase pré-clínica em que um processo iterativo pode ser seguido para adaptar uma vacina para um sistema imunológico senescente.”

O problema tem origem banal: os fornecedores de animais criados para fins de pesquisa não possuem a quantidade suficiente de animais velhos. A maioria dos ratos antigos disponíveis são da linhagem C57BL, que é a cepa mais comum usada na pesquisa e é conhecida por possuir um sistema imunológico com forte tendência a respostas efetivas contra vírus e entre estes camundongos idosos, muitos desenvolvem uma forma mais grave de SARS depois da infecção, do mesmo modo que acontece com os humanos idosos.

“O uso excessivo de camundongos jovens com sistemas imunológicos ideais para respostas antivirais e com doenças menos graves pode influenciar os resultados de uma maneira que superestima o potencial das vacinas em ter um bom desempenho em idosos”, alertam os dois professores canadenses.

Embora as pessoas acima de 65 anos concentrem os casos mais graves da COVID 19, os canadenses suspeitam que a maioria das vacinas que estão na fase 3 não foram submetidas à otimização pré-clínica para uma população idosa, o que significa que a primeira geração de imunizantes contra o novo coronavírus podem simplesmente não serem eficientes para os que mais precisam.

“Para a pandemia do COVID-19,”concluem os dois cientistas, “é tarde demais para voltar e incorporar essas considerações em testes pré-clínicos. No entanto, é imperativo que os pesquisadores ainda na fase pré-clínica incorporem testes frente a frente de seus candidatos a vacina em animais jovens versus idosos e desenvolvam estratégias para otimizá-los neste último. Isso ajudará o mundo a se preparar para o próximo surto de um perigoso coronavírus. Nesse sentido, o foco nos idosos deve ser incorporado a outros programas de desenvolvimento de vacinas, incluindo aqueles para o tratamento de câncer, que têm maior incidência em idosos(…) Embora alguns pesquisadores realizem estudos de vacinas em animais velhos , muito mais vacinologistas precisam levar em conta a peculiaridade dos idosos – e isso é de crescente importância para países com populações em envelhecimento. O que significará mudar a filosofia atual do campo de desenvolvimento de vacinas e incorporar a idade como uma variável crítica.”

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Pesquisadores indianos vão aplicar vacina BCG em idosos contra coronavírus https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/17/pesquisadores-indianos-vao-aplicar-vacina-bcg-em-idosos-contra-coronavirus/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/17/pesquisadores-indianos-vao-aplicar-vacina-bcg-em-idosos-contra-coronavirus/#respond Fri, 17 Jul 2020 14:29:13 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/vaccination-tuberculin-test-syringe-inject-doctor-medical-diagnosis-tuberculosis-disease-thumbnail.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=594 No momento existem 163 vacinas contra o coronavírus sendo pesquisadas mundo afora – e algumas já em fase de testes com humanos. Mesmo assim, os cientistas buscam qualquer alternativa que supostamente, seja capaz de conter a propagação da pandemia. Na Índia, mais exatamente no estado de Tamil Nadu, o segundo em termos econômicos e o sexto em população, pesquisadores preparam-se para inocular idosos com a vacina BCG, usada contra a tuberculose e só aplicada em crianças, para verificar sua eficácia para protegê-los do Covid-19.

A iniciativa, autorizada pelo governo, deve ser estendida a outras regiões, mas está preocupando outros cientistas, que temem os problemas de segurança. A BCG é uma vacina viva e antes de ser administrada a pessoas na faixa etária de 60 a 95 anos com co-morbidades, será preciso coletar dados de segurança primeiro. Como a triagem e o recrutamento demandam três meses e será preciso monitorar os pacientes por mais seis meses, só haverá resultados em 2021.

Pelo Twitter, o doutor Madhukar Pai, diretor do Centro de Tuberculose McGill em Montreal, no Canadá alerta: “Ninguém tem experiência em dar a vacina BCG ao vivo para idosos. Sem garantir a segurança, ninguém deve fazer esses testes em idosos. Não há evidências diretas provando que a BGC reduzirá a mortalidade por Covid-19″.

Essa mesma conclusão foi anotada por investigadores do Centro Médico Shamir, de Israel. Os dados foram divulgados no periódico científico Journal of the American Medical Association (JAMA), e partilhados pela revista Galileu.

Os investigadores analisaram os dados de crianças nascidas em Israel que tinham recebido a BCG entre 1955 e 1982, período em que a cobertura da vacina superou os 90%. Analisando os índices de infecção pelo novo coronavírus entre a população que havia sido vacinada e a outra que não recebera a BGC não se encontraram diferenças significativas. Pelo estudo, 11,7% dos vacinados com a BCG e 10,4% dos não vacinados testaram positivo para o SARS-CoV-2.

O que tem levado pesquisadores a supor uma relação entre a vacina e menores taxas de contágio e morbidade é o fato de que vários países com sistemas de saúde frágeis têm apresentado um baio número de casos do novo coronavírus – e a coincidência de que são países que costumavam vacinar suas crianças contra a tuberculose com a BCG.

Um levantamento liderado por pesquisadores americanos e ingleses revelou que países que não têm políticas de vacinação contra tuberculose tiveram dez vezes mais mortes por covid-19. O estudo foi publicado no medRxiv, um repositório que distribui manuscritos completos, mas não publicados, apenas em fase de pré-publicação.

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Velhos não se cuidam mais do que jovens ante o coronavírus, indica pesquisa global https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/10/velhos-nao-se-cuidam-mais-do-que-jovens-ante-o-coronavirus-indica-pesquisa-global/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/10/velhos-nao-se-cuidam-mais-do-que-jovens-ante-o-coronavirus-indica-pesquisa-global/#respond Fri, 10 Jul 2020 20:33:56 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/velho-mascara-.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=589 Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, examinaram os dados de questionários aplicados a 72.417 pessoas de todas as idades em 27 países diferentes na busca de saber qual a disposição delas se auto-isolarem e cumprirem outras regras preventivas contra o novo coronavírus. Os resultados indicam que os velhos, embora sejam o principal grupo de risco, não estão mais propensos a adotar os cuidados recomendados, como usar máscaras na rua, embora sejam mais dispostos a evitar os transportes públicos ou as pequenas reuniões.

A conclusão dos cientistas é que será preciso reforçar as estratégias destinadas aos idosos, se quisermos que eles obedeçam às recomendações de prevenção. Como já se sabe, muitos velhos têm condições crônicas de saúde que agravam seu risco.

Os dados foram coletados a partir de uma parceria entre o Instituto de Inovação em Saúde Global (IGHI) do Imperial College London e a empresa de pesquisas YouGov.

As amostras eram nacionalmente representativas de cada país com base em idade, sexo e região.
O questionário incluía perguntas sobre a disposição das pessoas em se auto-isolar, bem como sua conformidade com medidas preventivas específicas, como uso de máscara ou lavagem das mãos.

As medidas avaliadas incluíram:
• Lavar as mãos com água e sabão
• Usar desinfetante para as mãos
• Cobrir o nariz e a boca quando espirrar ou tossir
• Evitar o contato com quem tenha sintomas ou possa ter sido exposto ao coronavírus
• Evitar sair em geral
• Evitar pegar o transporte público
• Evitar receber convidados em sua casa
• Evitar pequenas reuniões sociais (não mais que 2 pessoas)
• Evitar reuniões sociais de tamanho médio (entre 3 e 10 pessoas)
• Evitar reuniões sociais de grande porte (mais de 10 pessoas)
• Evitar áreas lotadas
• Evitar ir às lojas
• Comer separadamente em casa
• Limpar superfícies frequentemente tocadas em casa
• Evitar tocar em objetos em público (por exemplo, botões ou portas do elevador)

Moral da história: “No geral, a pontuação para todas as idades é substancialmente semelhante e é em torno de 12. Ela varia de um mínimo de 11,9 a um máximo de 12,4, para um efeito total de 0,5 em uma escala de 0 a 16. Em outras palavras, representa menos de um quinto do desvio padrão do índice. Existem, portanto, duas conclusões principais (…). Por um lado, o nível basal de conformidade com as medidas preventivas é bastante alto, embora não exageradamente alto (especialmente considerando que o máximo é 16). Por outro lado, não há efeito substancial da idade.”

“A pesquisa fornece a primeira descrição completa das atitudes e conformidade da população mais vulnerável em uma perspectiva comparativa, sugerindo que as estratégias dos governos para com os idosos estão longe de ser bem-sucedidas e mostra que, metodologicamente, devemos ser mais cautelosos ao tratar a idade como tendo uma efeito linear nos resultados relacionados ao COVID-19 ”, alertou François Daoust, coordenador do estudo, da Universidade de Edimburgo.

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Velhos devem ser prioridade para receber a vacina, mas a solução final vai demorar https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/02/velhos-devem-ser-prioridade-para-receber-a-vacina-mas-a-solucao-final-vai-demorar/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/02/velhos-devem-ser-prioridade-para-receber-a-vacina-mas-a-solucao-final-vai-demorar/#respond Thu, 02 Jul 2020 19:29:10 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/vacina-foto.jpeg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=584 Ninguém sabe ao certo a eficácia das quase 150 vacinas que estão sendo desenvolvidas contra o coronavírus e muito menos quando alguma delas estará disponível em escala – e em que países. Mas cientistas e autoridades sanitárias internacionais já discutem acaloradamente quem terá prioridade ao recebê-la. E os idosos estão na primeira fila.

Ruth Faden, especialista em bioética da Universidade Johns Hopkins, integra o Grupo de Trabalho em Vacinas Covid-19 da Organização Mundial de Saúde e reconhece que garantir que todas as pessoas, independentemente de onde estejam no mundo sejam beneficiadas é um enorme desafio geopolítico.

Em entrevista para Katie Pierce, Faden explicou que parte do problema deriva do fato de que a investigação está sendo feita por pesquisadores de laboratórios comerciais, o que torna provável que os países mais ricos larguem na frente:

“Existe o assim chamado nacionalismo de vacinas – em que os países entendem que suas obrigações são principalmente, se não exclusivamente, com seus próprios residentes. Embora exista a expectativa de que os países com os recursos e a capacidade de produção atendam primeiro às suas próprias necessidades de saúde, será que eles devem ignorar as necessidades das pessoas que vivem em outros países com sérias restrições econômicas? Do ponto de vista da ética, deveria haver um equilíbrio.”

Faden também lembrou que a Organização Mundial de Saúde está tentando estabelecer um regime de cooperação entre os principais atores globais, que facilite o acesso às vacinas e que o comitê que ela preside deverá apresentar recomendações nesse sentido.

Mas ela também reconhece que a decisão norte-americana de retirar recursos da OMS não ajuda nem um pouco que isso ocorra, embora acredite nas fortes conexões da entidade com a comunidade científica e os agentes de saúde pública dos EUA, onde filantropos têm apoiado as pesquisas.

Como num primeiro momento haverá menos doses que o necessário, a vacina será destinada inicialmente aos trabalhadores essenciais. O ponto, alerta a especialista em bioética, está na definição de quais esses profissionais. Um exemplo: os profissionais de saúde devem vir antes de quem produz ou distribui alimentos?

O topo da lista terá de incluir ainda as pessoas com maior risco médico – e aqui é que entram os velhos. Em certos países, determinadas comorbidades precisarão ser atendidas também, como a obesidade entre os norte-americanos.

“Uma coisa que sabemos sobre pandemias é que os mais pobres e menos poderosos da sociedade se machucam mais. Nos EUA, vimos isso acontecer nesta pandemia com as pessoas de cor, que estão enfrentando taxas desproporcionalmente altas de infecções e mortes por razões enraizadas em injustiças estruturais. Há uma conversa importante sobre se, como parte do acerto de contas racial muito atrasado nos EUA, devemos considerar colocar as pessoas de cor no topo da lista de prioridade de vacinas nos primeiros dias.”

Ruth Faden alerta para um risco adicional – o de transformarmos a vacina na bala de prata capaz de resolver o problema da noite para o dia:

“É errado pensar que uma vacina será uma solução rápida que salva o mundo inteiro de uma só vez. Uma vacina pode desempenhar um papel crítico para voltar ao normal ao longo do tempo, mas será um processo lento e em camadas, que tem muitas complicações”.

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Velhos isolados correm mais risco que os ligados à família na pandemia, revela estudo italiano https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/26/velhos-isolados-correm-mais-risco-que-os-ligados-a-familia-na-pandemia-revela-estudo-italiano/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/26/velhos-isolados-correm-mais-risco-que-os-ligados-a-familia-na-pandemia-revela-estudo-italiano/#respond Fri, 26 Jun 2020 11:01:54 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/img_0785-1.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=571 O impacto desproporcional da Covid-19 sobre os italianos mais velhos parece ter maior relação com o isolamento social em que grande parte deles vivia que com a quantidade de seus contatos com gente mais nova, revela um estudo publicado na revista PLOS One, edição de 21 de maio.

A associação entre morbidade e idade já é conhecida, mas a pesquisa comandada pelo doutor Giuseppe Liotta, professor associado de higiene e saúde pública da Universidade de Roma, queria confirmar o papel do contato intergeracional na disseminação do vírus entre os mais velhos.

Para testar a hipótese, analisaram diversas variáveis, como o percentual de pacientes acima dos 80 anos entre os infectados, número de leitos disponíveis em casas de repouso, taxa de incidência de COVID-19 e o tempo de expansão da contaminação, chamado de maturidade da epidemia. Incluíram ainda na análise o tamanho médio das famílias e a porcentagem de pessoas vivendo sós.

No fim das contas, encontraram um paradoxo: a pandemia foi mais grave em regiões italianas com maior fragmentação familiar e maior disponibilidade de leitos nas chamadas instituições de longa permanência, ou casas de repouso.

A interpretação dos relatórios diários do Ministério da Saúde da Itália entre 28 de fevereiro e 31 de março, com base nos dados domiciliares e populacionais de cada região administrativa italiana provou que há, na verdade, uma correlação negativa entre o tamanho médio das famílias e a porcentagem de residentes com mais de 80 anos infectados pelo novo coronavírus.

Quando compararam a proporção de infecções por COVID-19 em idosos com a porcentagem de domicílios com um só membro e taxa de leitos para idosos, a situação se inverteu.Em resumo: pelo estudo italiano, o isolamento social dos velhos é um fator de risco maior para os idosos do que o contato intergeracional.

Os pesquisadores especulam que, no fim das contas, as relações sociais podem servir como um fator protetor contra o aumento das taxas de mortalidade da Covid-19.

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