Em Tempo https://emtempo.blogfolha.uol.com.br Velhices, longevidade, superação Wed, 26 Aug 2020 17:32:57 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Cuidado com o crédito consignado https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/27/cuidado-com-o-credito-consignado/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/27/cuidado-com-o-credito-consignado/#respond Wed, 27 Feb 2019 17:44:08 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/notas-real-.jpeg http://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=52 Nos próximos dias, os aposentados serão ainda mais bombardeados com todo tipo de oferta de crédito consignado por parte dos bancos. Quem recebe uma pensão do INSS está na mira das instituições financeiras que, nos últimos anos, usaram e abusaram desse expediente que acaba por comprometer parte da renda mensal dos idosos brasileiros com empréstimos de todo gênero – nem sempre necessários ou racionais.
A farra recebeu um breque importante em 28 de dezembro passado, quando o INSS publicou uma instrução normativa pondo ordem na zorra. Mas com um detalhe – deu um prazo de 90 dias para que as novas regras entrassem em vigor.
O resultado é que, nos últimos dias, tem se multiplicado os alertas. Vale registrar que o crédito consignado tem juros menos escorchantes que os do cheque especial ou do cartão de crédito, pela simples e clara razão de ter um risco mínimo de inadimplência, já que as parcelas são descontadas antes do vivente receber seus caraminguás.
Há poucos dias, um juiz da 29ª Vara Cível de Belo Horizonte suspendeu a comercialização de cartão de crédito consignado pelo Banco BMG, sob o argumento de que a empresa estava oferecendo o mimo por telefone a idosos, aposentados e pensionistas, descumprindo uma determinação judicial que vetara a prática há mais de dez anos. O banco recorreu e na segunda instância, a desembargadora Shirley Fenzi Bertão autorizou a comercialização, para não prejudicar a principal atividade comercial do banco e os consumidores. Manteve, contudo, a multa de R$200 mil pelo descumprimento de ordem judicial, limitando-se a R$ 100 milhões, no caso da venda por telefone.
O INSS aproveitou o embate para relembrar em nota, que “nenhum órgão, empresa ou pessoa física tem autorização para efetuar qualquer atividade de marketing ativo, oferta comercial, propostas ou firmar contratos de empréstimo pessoal com pagamento mediante desconto direto no benefício em nome do INSS”.
Isso não impede que muitos aposentados continuem a ser assediados pelo banco, antes mesmo de receber a primeira parcela de sua aposentadoria, num indício claro de que há um ou muitos vazamentos do banco de dados da instituição.
Portanto, olho vivo. Empréstimo, só quando for realmente necessário e depois de examinar direitinho as regras do jogo.

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A vila dos aposentados https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/12/a-vila-dos-aposentados/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/12/a-vila-dos-aposentados/#respond Tue, 12 Feb 2019 04:01:28 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/DSC00589-150x150.jpeg http://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=13 Fluminimaggiore, uma cidadezinha de 3.000 habitantes na Sardenha, sul da Itália, quer atrair aposentados do mundo todo. O projeto é um dos pilares da gestão do prefeito Marco Corrias, eleito na metade do ano passado. Aos 67 anos, casado, com um filho, Corrias teve uma longa e bem-sucedida carreira no jornalismo. Formado em ciência política pela Universidade de Urbino, começou como correspondente do jornal diário La Repubblica na Sardenha e chegou a ser correspondente da revista Epoca. Teve ainda um programa semanal na TV.

Curtia a aposentadoria desde 2012 até o começo do ano passado, quando resolveu concorrer ao cargo de prefeito de sua cidade natal. Disputando como independente, a partir de uma lista cívica, teve vitória consagradora.

Fluminimaggiore é habitada desde antes dos romanos. O casario espalhado pelas montanhas verdes de onde se vê o mar tem grafites elaborados e abrigam 3.000 habitantes em meio a grutas e a ruínas quase pré-históricas. O que falta é emprego para os jovens, que deixaram a cidade em massa desde que a mineração foi desativada.

Para combater a decadência, Corrias aposta num projeto chamado Happy Village.

Para a estreia desse blog, Marco Corrias respondeu a algumas perguntas por email. Segue a conversa:

Quando você se aposentou, imaginava fazer o quê? Me aposentei em 2012 e continuei escrevendo e fazendo reportagens em vídeo e escritas para o jornal La Repubblica e Sardinia Post. Um ano atrás, decidi concorrer a prefeito na cidade onde nasci e fui eleito em 10 de junho de 2018, numa lista cívica, com 62% dos votos. Nosso slogan era RipensiAmo Flumini (O trocadilho é uma mistura de repensar e amar em italiano).

O que o fez tentar ser prefeito de Fluminimaggiore? É a cidade onde nasci, onde todo mundo me conhece e embora eu tenha deixado há 20 anos para me formar pela Universidade de Urbino em ciência política, costumava voltar para cá sempre, onde tenho queridos amigos. Tenho uma linda casa à beira-mar e acho que este é um lugar bonito para se viver: montanhas, mar a 7 quilômetros, boa comida e uma rara tranquilidade. Sempre achei que o local precisava de mudanças reais e ideias revolucionárias. Como Happy Village, na verdade.

De onde veio a ideia? Foi num jantar com um amigo jornalista meu, Mario Palumbo, que morreu há dois anos. Ele era de Milão e foi subeditor de um importante jornal: Il Resto Del Carlino. Ele veio para Fluminimaggiore, onde construiu uma casa e chegou a viver um tempo. Quando perguntei a ele por que tinha decidido morar em Fluminimaggiore, ele respondeu: “Você não entende que este é um dos melhores lugares no mundo para viver.” Naquela noite, continuando a falar com Mario,  surgiu a ideia de Happy Village.

O prefeito de Fluminimaggiore
Marco Corrias quer aposentados em sua cidade.

Como atrair aposentados estrangeiros? Acredita que a oferta de uma casa e de trabalho para recuperá-la será suficiente? Digo porque Portugal oferece visto de residência e isenção fiscal por dez anos a quem levar para lá seus rendimentos de aposentado. Para os aposentados estrangeiros que esperam mais do que uma bela casa restaurada e bem decorada, haverá toda uma série de servidores, uma ao lado, cuidados de saúde 24 horas por dia, transporte dedicado, serviço de limpeza dia e noite, ausência de burocracia, o atendimento simpático da comunidade local organizada em associações, boa comida, sol, mar, natureza e o fato de que aqui não há crime: no ano passado houve apenas sete furtos, quatro dos quais entre meninos que tiveram seus celulares furtados em festas. O custo de vida aqui é mais baixo, comparado ao resto da Itália.

Quantas casas existem para esse projeto em Fluminimaggiore? Existem mais de duzentas casas vazias. Os proprietários que aceitem inscrevê-las na nossa cooperativa terão suas propriedades reformadas e adaptadas para receber aposentados. Poderão ser casas individuais, com dois ou no máximo três quartos. A Liga das Cooperativas apoia nosso projeto.

Aposentados brasileiros com dinheiro podem se inscrever no projeto? É claro que até os aposentados brasileiros poderão desfrutar de nossa hospitalidade: os sardos e os brasileiros são povos muito parecidos: felizes, amantes de coisas boas, do belo mar e da natureza.

Qual o prazo para o projeto ser implementado? O projeto não estará pronto antes de um ano e meio, mas estamos acelerando os tempos, porque há centenas de solicitações vindas de aposentados de toda a Itália e da Europa.

Se a Happy Village vai ou não sair do papel, só o tempo dirá. Mas Marco Corrias mostrou que é possível recomeçar a vida e encontrar um propósito depois de deixar o trabalho. Este é um dos alvos deste blog e de seu autor, vivendo agora entre Portugal e Brasil.

1  A Federação Nacional das Cooperativas foi fundada em 1886 em Milão por delegados representantes de empresas cooperativas. Em 1893, a federação mudou seu nome para Lega delle Cooperative. As cooperativas são muito fortes na Itália desde 1945.
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