Em Tempo https://emtempo.blogfolha.uol.com.br Velhices, longevidade, superação Wed, 26 Aug 2020 17:32:57 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Parte dos estudos sobre Covid 19 nos EUA deixam velhos de fora https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/22/parte-dos-estudos-sobre-covid-19-nos-eua-deixam-velhos-de-fora/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/22/parte-dos-estudos-sobre-covid-19-nos-eua-deixam-velhos-de-fora/#respond Mon, 22 Jun 2020 09:56:02 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/medicamentos-.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=563 Um quarto dos estudos norte-americanos sobre a Covid 19 podem deixar de fora justamente o grupo etário mais ameaçado: os velhos. Ao revisar 241 estudos e ensaios listados num site governamental – o clinicaltrials.gov, mantido pelo National Institutes of Health – a geriatra Sharon K. Inouye, professora da Harvard Medical School, descobriu 37 com um limite de idade e outros 27 que, mesmo sem essa limitação, foram montados de modo que a população idosa corre o risco de ficar de fora.

Alguns desses 27 estudos excluíram pessoas com doenças comuns entre os mais velhos, como a hipertensão ou o diabetes. Outros permitem, por exemplo, que o pesquisador descarte um paciente com deficiência auditiva, para não perder tempo. Há ainda ensaios que não admitem quem tome vários medicamentos, o que usual entre os velhos.

Ao compilar os resultados preliminares, ainda não publicados, a doutora Inouye constatou que cerca de um quarto dos estudos norte-americanos podem excluir ou sub-representar os idosos. E deu o alerta para a colunista Paula Span, do New York Times:

“Daqui a um ano, quando esses testes forem publicados, não gostaria de ver que eles não incluem quem tem mais de 75 anos. Se criarem uma droga que funcione muito bem em pessoas saudáveis de 50 e 60 anos, perderão o barco”.

Dados do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos indicam que 80% das mortes por COVID-19 ocorreram em pessoas com 65 anos ou mais.

A barreira etária se repete em estudos internacionais examinados pela equipe da doutora Inouye, embora o estudo tenha se debruçado sobre os trabalhos listados no site norte-americano.

Na tentativa de evitar esse viés etário, o National Institutes of Health (correspondente à nossa Agência Nacional de Saúde, mas muito mais poderosa) passou a exigir no ano passado, antes da pandemia, portanto, que os estudos financiados incluíssem “indivíduos ao longo da vida”, a menos que os pesquisadores forneçam uma “justificativa aceitável” para a exclusão. Caso contrário, nada de recursos. A maioria dos ensaios clínicos, no entanto, tem financiamento privado e não precisa obedecer essa norma.

]]>
0
Pandemia espanta investidores das empresas de moradias assistidas para idosos https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/05/15/pandemia-espanta-investidores-das-empresas-de-moradias-assistidas-para-idosos/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/05/15/pandemia-espanta-investidores-das-empresas-de-moradias-assistidas-para-idosos/#respond Fri, 15 May 2020 18:10:21 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/brookdale-little-rock-comunity.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=530 A pandemia já está sacudindo um mercado que até o começo deste ano parecia ir de vento em popa: o das moradias assistidas para idosos. Com a chegada da geração dos chamados baby boomers à velhice, construir empreendimentos para essa antiga rapaziada estava atraindo investidores em vários países. Mas numa pesquisa recente do Centro Nacional de Investimentos para Casas e Cuidados para Idosos, cerca de 80% dos entrevistados relataram queda nas taxas de ocupação.

Esta semana, a grande imprensa norte-americana acendeu o sinal amarelo, depois que as mortes de residentes e funcionários dessas unidades se aproximaram da casa dos 30 mil.

A consequência imediata deve ser um aumento brutal dos custos, mas o problema vai além disso: os investidores não podem simplesmente se comportar como meros locadores e terão de assumir o papel de prestadores de serviços e desse modo, responsabilizar-se pela limpeza e desinfecção das instalações, fornecimento de equipamentos de proteção e reforço das equipes, com a incorporação de enfermeiros e médicos.

Ao apresentar seus resultados financeiros por teleconferência, na semana passada, a CEO da Brookdale, que tem 741 comunidades de aposentados, com 65 mil residentes, Lucinda Baier, informou que no primeiro trimestre, os gastos com o coronavírus na empresa chegaram aos US $ 10 milhões e previu que no segundo trimestre, gastarão muito mais. “Não há dúvida de que nossos custos aumentaram, pois tivemos que comprar muitos equipamentos de proteção individual. Tivemos que aumentar nossas despesas de saneamento e começar a entregar refeições aos nossos residentes em seus quartos,” disse Baier aos investidores.

Com as margens do negócio descendo a ladeira, deve diminuir o apetite dos investidores. Um sinal disso pode ser identificado na queda no valor das ações da Brookdale Senior Living, a maior cadeia habitacional sênior dos EUA. Em fevereiro, valiam US$ 8 cada. Nesta sexta-feira, valiam 2,85 dólares apenas. Em outra empresa do setor, a Ventas, cm 70 mil idosos atendidos, o preço das ações caiu de US$ 62,40 para US$ 27,95 por ação.

Aqui em Portugal, as mortes por coronavírus nos lares até quinta-feira, 14 de maio, somavam 477 casos. OS lares de idosos, como são denominadas as instituições de longa permanência respondem ainda por 37% dos casos confirmados. Na próxima segunda-feira, as visitas serão retomadas nesses lares, sob regras muito mais rigorosas. Mas boa parte das instituições deve adiar o reencontro dos idosos com seus familiares, para poder se adequar às determinações da Direção Geral de Saúde.

Na Espanha, a situação é ainda pior, embora os dados sejam imprecisos, por falta de diagnóstico. Nas 5.457 residências de ancianos, a soma das mortes informadas pelas províncias alcança os 18.282 casos ou 66% do total notificado pelo Ministério da Saúde.

]]>
0
Coronavírus é muito mais letal para idosos https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/03/04/coronavirus-e-muito-mais-letal-para-idosos/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/03/04/coronavirus-e-muito-mais-letal-para-idosos/#respond Wed, 04 Mar 2020 11:36:31 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/transportation-isolation-system-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=420 As estatísticas dos três primeiros meses de acompanhamento do coronavírus indicam que adolescentes e jovens na casa dos 20 anos apresentam índices menores da doença do que adultos e idosos. Apenas 8,1% entre 72.314 casos registrados na China estão na casa dos 20 anos; 1,2% são adolescentes e 0,9% tinham nove anos ou menos. Segundo a Organização Mundial de saúde, 78% dos casos relatados até 20 de fevereiro estavam entre os 30 e os 69 anos.

Os números são muito diferentes em relação à mortalidade. Em termos gerais, 2.3% dos casos confirmados terminaram com o óbito do paciente, mas entre os chineses com 80 anos ou mais, a taxa de mortalidade foi de 14,8% – numa provável consequência da condição geral de saúde, de outras doenças ou de um sistema imunológico mais fraco. A mesma taxa foi de 1,3% para pacientes na casa dos 50, 0,4% para a turma dos 40 anos e e 0,2% entre pessoas de 10 a 39 anos.

Esse risco de morte parece refletir a condição do sistema respiratório. No Hospital Central de Wuhan, onde eclodiu o problema, cerca de metade dos 109 pacientes tratados tiveram síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA), com acúmulo de fluido nos pulmões, que restringe a quantidade de ar absorvida e fornecida aos órgãos vitais. Metade com pacientes com SDRA morreu, enquanto entre os outros pacientes afetados pelo coronavirus a mortalidade ficou em 9%.

Os idosos “eram mais propensos a desenvolver SDRA”, escreveram os pesquisadores, indicando que a idade torna o coronavírus mais fatal. Os pacientes com SDRA tinham uma idade média de 61 anos, em comparação com uma idade média de 49 anos para aqueles que não desenvolveram SDRA.

A juventude, ao contrário, parece ser um fator protetor. A missão da OMS na China relatou uma incidência relativamente baixa em menores de 18 anos, que representaram apenas 2,4% de todos os casos relatados: em Wuhan, até meados de janeiro, não haviam encontrado o vírus em nenhuma criança – e os pesquisadores não sabem se não há mesmo criança alguma infectada ou se elas não apresentam sinais da doença, ainda que infectadas. Também entre os 10 e os 19 anos, são raros os casos: 1,2% do total, com apenas uma morte.

Em termos de gênero, a diferença é menor: há 106 homens com a doença para cada 100 mulheres, segundo os dados nacionais chineses. Em Wuhan, um estuo com 1.099 pacientes do Covid-19 até 29 de janeiro encontrou um desequilíbrio maior: 58% eram do sexo masculino.

Na Itália, onde 23,2% por cento da população tem mais de 65 anos (a segunda mais idosa do mundo, depois do Japão), o que complica ainda mais a situação, os 79 mortos tinham entre 63 e 95 anos. Chegou a circular a informação de que o papa Francisco teria contraído o vírus, mas era fake news.

Nos Estados Unidos, o registro de casos num lar de idosos em Seattle acendeu a luz vermelha. Os especialistas temem que a disseminação nesses locais possa ser tão rápida e geral quanto a registrada no navio de cruzeiro Diamond Princess, colocado em quarentena no Japão. Mais de dois milhões de norte-americanos idosos vivem em instituições de longa permanência.

Em São Paulo, a Prefeitura informa que a Coordenadoria de Vigilância em Saúde organiza nos próximos dias capacitação aos profissionais que atuam nos Centros de Acolhida aos Idosos da capital. Cerca de 4 mil profissionais de saúde e educação já foram capacitados sobre a situação epidemiológica.

]]>
0
Moradias assistidas para idosos explodem nos EUA, mas falta regulação https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/02/22/moradias-assistidas-para-idosos-explodem-nos-eua-mas-falta-regulacao/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/02/22/moradias-assistidas-para-idosos-explodem-nos-eua-mas-falta-regulacao/#respond Sat, 22 Feb 2020 13:03:17 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/02/assisted-life-florida--320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=409 Essa modalidade de moradia surgiu na Flórida, nos anos 70 do século passado, para o topo da pirâmide: casas ou apartamentos especialmente projetados para atender às demandas dos idosos. Foi um sucesso tamanho que nos últimos 20 anos, esses condomínios quase triplicaram e são hoje cerca de 30 mil projetos.

Os moradores geralmente têm seu próprio apartamento privado. Embora não haja o mesmo monitoramento médico disponível nos lares de idosos (as instituições de longa permanência), enfermeiros estão disponíveis por telefone ou e-mail 24 horas por dia. Há uma equipe treinada para fornecer outros serviços necessários e realizar as tarefas domésticas. Os lençóis são trocados, a roupa é lavada e a comida é preparada e servida como parte do aluguel básico e dos serviços incluídos.

Os serviços de vida assistida também podem incluir o acompanhamento da medicação, ajuda na hora do banho e das refeições, academia e salão de beleza. O serviço de supermercado também costuma estar disponível. Em condomínios menos caros, o espaço individual parece um quarto de hotel e existem áreas sociais comuns, como cozinha e sala de jantar central. O custo médio é de quatro mil dólares por mês por idoso.

É um negócio lucrativo: os investidores obtiveram retornos anuais de quase 15% nos últimos cinco anos – mais que hotéis, escritórios, varejo e apartamentos, informa a professora Geeta Anand, repórter aposentada em seu blog no The New York Times, citando dados do National Investment Center for Seniors Housing and Care.

A própria Geeta chegou a considerar a hipótese de colocar a mãe numa dessas casas. O pai dela morreu em 2017, depois de viver com Geeta por nove anos; a mãe, aos 83, vive em Nova York com a irmã dela. “Achamos que a vida assistida ofereceria melhor assistência a nossa mãe e aliviaria a pressão sobre minha irmã, que trabalha em período integral enquanto cria uma filha pequena. Infelizmente, descobri que não”. Geeta destaca a ironia: a vida assistida é excelente se você não precisar de muita assistência. A vida social, as instalações semelhantes a spa, as inúmeras atividades e os menus atrativos tornam a vida assistida a escolha certa para quem tem recursos financeiros e é saudável e ativo. Mas se o idoso tiver problemas para caminhar ou usar o banheiro, ou algum tipo de demência, esse tipo de instalação não dá as respostas com quem todos sonham.

A falta de regulamentação é parte do problema. O governo federal fiscaliza os lares de idosos e os classifica quanto à qualidade, mas não licencia ou supervisiona instalações de vida assistida – são os estados que estabelecem as regras mínimas. Lares de idosos devem ter diretores médicos, mas esse requisito não é obrigatório na vida assistida e as queixas contra essas instalações tem aumentado nos tribunais americanos.

Os governos tem diversos programas de financiamento para residências desse tipo, mas ainda há uma lacuna de oferta muito grande e será um desafio enorme atender ao crescimento da demanda, com a chegada maciça dos baby boomers à velhice – o mais jovem dos quase 70 milhões de baby boomers americanos tem 55 ano, enquanto o mais velho está com 74 anos.

Pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida estabeleceram 39 palavras-chave e esquadrinharam os sites de serviços de saúde de todos os estados americanos em busca da informação fornecida ao público sobre a vida assistida. Comparando os resultados atuais com os obtidos em situação semelhante em outro estudo de 2005, constataram que aumento expressivo na oferta de conteúdo relevante: os relatórios de inspeção de qualidade exigidos pelo governo, que só apareciam em 15% das páginas, hoje estão em 70% delas. Mas ainda há muito a fazer: apenas em dois estados encontraram a informação sobre o preço cobrado nessas moradias assistidas.

Outro problema apontado pelos pesquisadores foi que os sites não são lá muito amigáveis. Os itens básicos podem ser encontrados facilmente, mas os detalhes sobre as residências individuais demandam uma pesquisa extensa. Em certos casos, não fica claro nem mesmo qual agência estatal supervisiona a vida assistida.

]]>
0
Entidades americanas preparam corpo de voluntários para atender idosos https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/14/entidades-americanas-preparam-corpo-de-voluntarios-para-atender-idosos/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/14/entidades-americanas-preparam-corpo-de-voluntarios-para-atender-idosos/#respond Thu, 14 Nov 2019 15:15:05 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/hospice-1750928_960_720-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=322 A partir de março do ano que vem entra em campo nos EUA o Care Corps – uma legião de voluntários – aposentados saudáveis ou jovens adultos que vão limpar as calçadas das casas de idosos, levá-los para consultas médicas ou compras ou simplesmente visitá-los regularmente.

A iniciativa, da Administration for Community Living, que integra o Departamento de Saúde e de Serviços Humanos tem agora a parceria de quatro outras instituições: o Oasis Institute, que administra o maior programa voluntário de tutoria inter-geracional do país; a Rede de Ação do Cuidador; a Associação Nacional de Agências de Área no Envelhecimento; e o Altarum Institute, que trabalha para melhorar o atendimento a idosos vulneráveis.

A tarefa é gigantesca: há hoje seis milhões de norte-americanos com mais de 85 anos, muitos deles portadores de doenças crônicas ou com dificuldade para realizar essas tarefas. Em 2040, serão 14,6 milhões.
O atendimento a essa legião de velhinhos e velhinhas movimenta hoje 3,3 milhões de cuidadores pagos e mais de 34 milhões de cuidadores familiares não-remunerados. O sistema de saúde oficial, o Medicare, não paga por serviços de assistência de longa duração ou serviços não-médicos em casa.

De acordo com a repórter Judith Graham, do Washington Post, o projeto desse corpo de voluntários surgiu em conversas no Twitter, em 2013. De lá para cá, dois projetos de lei tramitaram sem sucesso no Congresso. Agora o projeto tem prazo e dinheiro: 19 milhões de dólares nos próximos cinco anos, assegurados pelo Oasis Institute.

A partir de março, até 30 organizações receberão doações de 30 mil a 250 mil dólares para desenvolver programas comunitários inovadores e eficazes, que possam ser replicados. Os voluntários receberão treinamento prévio e serão submetidos a verificações e os programas também serão aferidos. Mas é evidente a discrepância entre o tamanho do desafio de cuidar de quase 15 milhões de pessoas e o potencial do voluntariado, ainda que feito em escala.

Já existem iniciativas desse gênero nos EUA. Uma das mais bem sucedidas é o Senior Corps, administrado pela Corporation for National and Community Service (Corporação para Serviços Nacionais e Comunitários em tradução livre), em que 1o.500 voluntários com 55 anos ou mais passam de 15 a 20 horas por semana atendendo 33 mil idosos em tarefas cotidianas.

]]>
0
Robôs poderão cuidar de idosos em breve https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/07/robos-poderao-cuidar-de-idosos-em-breve/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/07/robos-poderao-cuidar-de-idosos-em-breve/#respond Mon, 07 Oct 2019 19:35:50 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/toyota-robot--320x215.png https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=291 O Instituto de Pesquisa da Toyota anunciou na semana passada que está desenvolvendo um robô doméstico que tem a capacidade de aprender continuamente como executar novas tarefas em todos os tipos de casas. O alvo são os idosos, cada vez em maior número, no mundo todo.

A tecnologia aplicada é a mesma que permite aos carros autônomos da Tesla melhorarem continuamente sua condução, sem intervenção humana. Os novos robôs da Toyota usam robótica em nuvem e aprendizado profundo para compartilhar o conhecimento entre as máquinas.

Operar e navegar em ambientes domésticos é um grande desafio para os robôs, pois cada casa é única, com uma combinação diferente de objetos em configurações distintas que mudam com o tempo. A Toyota ensina seus robôs a executar tarefas arbitrárias com uma variedade de objetos, em vez de programá-los para executar tarefas predefinidas específicas com objetos específicos. Quando o robô vê um objeto ou cenário específico novamente, mesmo que a cena tenha mudado um pouco, ele sabe quais ações podem ser tomadas com relação ao que vê.

Para isso, os cientistas usam um sistema de telepresença imersivo, no qual existe um modelo do robô, espelhando o que o robô está fazendo na vida real. O instrutor vê o que o robô está vendo ao vivo, em 3D, a partir dos sensores do robô. O professor pode selecionar comportamentos diferentes para instruir e depois anotar a cena 3D, como associar partes da cena a um comportamento, especificar como segurar uma alça ou desenhar a linha que define o eixo de rotação de uma porta do gabinete.

Como uma pessoa, o robô tem graus redundantes de liberdade. Pode, por exemplo, mover as mãos da maneira que quiser, sempre que quiser, ajustando a postura do corpo inteiro para acomodar os movimentos. Possui ainda um conjunto de câmeras visuais e de profundidade com um amplo campo de visão. Isso fornece uma quantidade significativa de contexto para a pessoa que ensina o robô e o próprio robô.

Os testes acontecem em casas reais. No momento, o sistema pode executar com êxito uma tarefa de nível humano relativamente complexa em cerca de 85% das vezes. Isso inclui permitir que o robô tente automaticamente novamente, quando percebe que falhou num comportamento específico. Cada tarefa é composta por cerca de 45 comportamentos independentes, o que significa que todo comportamento individual resulta em sucesso ou falha recuperável em 99,6% das vezes.

Os avanços acontecem em vários países. Na China, Chen Xiaoping, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia (USTC), desenvolve robôs de serviço que podem fornecer serviços, como lembretes de medicamentos, há mais de 10 anos.

No Japão, a principal aposta da indústria, apoiada pelo governo, é a solução humanóide chamada Carebots, projetada especificamente para atendimento a idosos. O governo japonês está fazendo sua parte subsidiando uma grande parte dessa pesquisa.

Nos EUA, a National Science Foundation investe no desenvolvimento de robôs de serviço e o Instituto Nacional de Saúde financia iniciativas robóticas para melhorar a saúde e a qualidade de vida de pacientes idosos.

Mas o caminho para esse futuro tem seus perçalcos: a Jibo, que arrecadou US$ 3 milhões por meio do site Indiegogo e conseguiu mais US$ 70 milhões de venture capital, vendeu mais de seis mil unidades desse assistente pessoal que parece o Wall-E do desenho da Pixar só na pré-venda.

Demorou quatro anos para colocar o produto no mercado, mas quando chegou às prateleiras e depósitos, em setembro de 2017, já tinha rivais poderosos em campo – o Siri da Apple, o Google Assistant e o Bixby da Samsung, entre outros.

Jibo virou capa da Time, como uma das 25 melhores invenções do ano, até que em novembro de 2018, quando a SQN Venture Partners, uma empresa especializada em “formas alternativas de financiamento” para ajudar as empresas a crescer, comprou a IP da Jibo. O passo seguinte foi o anúncio de que os servidores serão desligados. .

]]>
0
Suicídio racional estaria aumentando entre os idosos nos EUA https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/suicidio-racional-estaria-aumentando-entre-os-idosos-nos-eua/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/suicidio-racional-estaria-aumentando-entre-os-idosos-nos-eua/#respond Thu, 11 Jul 2019 10:45:36 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/Édouard_Manet_-_Le_Suicidé_ca._1877-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=201 O fenômeno ainda está mais no noticiário do que nas estatísticas: a chegada dos baby boomers, a geração pós-guerra, à velhice estaria reforçando o que os estudiosos chamam de “suicídio racional”, uma escolha de pessoas muito velhas, saudáveis e que decidem encerrar sua história em determinado ponto da vida.

Começando pelas estatísticas, as dos Estados Unidos tem registrado um preocupante incremento na taxa de suicídios, que já é a décima causa de morte no país e aumentou consideravelmente nos últimos anos. Entre 2008 e 2017 subiu de 11,8 para 14 mortes por cem mil habitantes. Isso representa a taxa mais alta desde 1942. Maior, só durante a Depressão, quando chegou a 21,9 por cem mil habitantes em 1932.

Mas a faixa etária onde o suicídio mais cresceu foi entre os 55 e os 64 anos – passou de 15,5 para 19,1, para o período 2000/2017. No caso dos mais velhos, a situação não mudou muito: foi de 17,6 por cem mil para 18,01 entre 75 e 84 e de 19,4 para 20,1 acima de 84 anos. Quer dizer, essas taxas já eram elevadas entre os idosos. Vale lembrar que o grupo etário em que o suicídio aumentou mais faz parte da geração baby boomer, que inclui todos os nascidos entre 1946 e 1964, principalmente na Europa e Estados Unidos.

Em 2017, a doutora Meera Balasubramaniam, especialista em psiquiatria geriátrica da escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque e o geriatra Robert E. McCue publicaram um livro sobre o assunto. Antes deles, Dena Davis, 72 anos, professora de bioética da Lehigh University já defendia o suicídio racional. Em artigo publicado no Journal of Medical Ethics de agosto de 2014, Davis afirmou que o desenvolvimento de testes mais acurados para a detecção precoce de Alzheimer oferecia melhor condição para quem for desenvolver a doença coloque o suicídio como possibilidade. Textualmente: “Há uma avalanche de artigos sendo publicados sobre novas formas de diagnosticar a doença de Alzheimer (DA) antes que ela seja sintomática, envolvendo uma combinação de testes invasivos (por exemplo, punção lombar) e testes de papel e caneta. Isso muda a paisagem no que diz respeito aos testes genéticos para risco de DA, tornando o suicídio racional uma opção muito mais viável. Antes da disponibilidade desses testes pré-sintomáticos, mesmo alguém com alto risco de desenvolver DA não sabia se e quando a doença estava se aproximando. Poderia perder anos de boa vida se cometesse suicídio cedo demais, ou arriscar-se a esperar até que fosse tarde demais e a demência já tivesse minado a capacidade de formar e executar um plano. A vigilância contínua por meio desses testes clínicos permite agora juntar o que se sabe sobre o risco de alguém e estabelecer uma boa estratégia para planejar o suicídio antes que alguém se torne demente. Isso tem implicações sobre como esses testes genéticos e clínicos são comercializados e implantados, e a linguagem usada para falar sobre eles. A frase “não há nada que se possa fazer” insulta e desrespeita a opção planejada de suicídio, assim como a linguagem dos estudos de Avaliação de Risco e Educação para Doença de Alzheimer (REVEAL) e outros que concluem que é “seguro” dizer aos sujeitos seu status de risco para AD. Além disso, o argumento apresentado por alguns pesquisadores de que os testes pré-sintomáticos devem permanecer dentro dos protocolos de pesquisa, e os resultados não compartilhados com os sujeitos até o momento em que os tratamentos se tornam disponíveis, desrespeita a autonomia das pessoas de alto risco que consideram o suicídio uma opção.”

Recentemente, Melissa Balley, correspondente da Kaiser Health News em Boston relatou que um grupo de dez idosos da Filadélfia encontrou-se com a doutora Davis, para entender melhor até onde parece aceitável essa hipótese – que nenhum dos participantes pretendia pôr em prática imediatamente. O trabalho de Melissa ganhou relevância ao ser republicado pelo Washington Post e foi rebatido em termos duros por artigo de Wesley J. Smith, na National Review, um veículo conservador, que assinalou: “Estamos nos tornando uma cultura pró-suicídio. Eu prevejo que em cinco ou dez anos, as histórias sobre ‘suicídio racional’ para os idosos não apresentarão nenhuma voz de oposição.”

Uma investigação de seis meses realizada em parceria pela Kaiser Health News e pelo programa NewsHour da PBS, a TV pública norte-americana revelou que os idosos norte-americanos estão se matando silenciosamente em casas de repouso, centros de convivência e lares para adultos. A constatação resulta de uma análise feita pela KHN sobre dados da Universidade de Michigan.

Extrapolando dados apresentados em artigo da professora Briana Mezuk, sobre o estado de Virgínia, para o país inteiro, a KHN concluiu que ocorrem pelo menos 364 suicídios por ano entre pessoas que vivem ou se mudam para instituições de longa permanência.

No século XIII, a Inglaterra criminalizou o suicídio racional – apenas as pessoas consideradas mentalmente sãs eram processadas, uma em cada oito – e a punição se estendia aos membros da família, que perdiam seus bens. Essa norma durou até 1950.

Todo esse debate contraria, de certo modo, as disposições da Organização Mundial de Saúde, que elegeu setembro como o mês de prevenção do suicídio. A entidade vê a mídia como um canal útil para divulgar mensagens de saúde pública sobre suicídio, prevenção e busca de ajuda, mas recomenda que os jornalistas relatem responsavelmente os casos, seguindo o protocolo da própria OMS. “ O relato responsável de suicídio na mídia tem sido eficaz em limitar a imitação entre pessoas vulneráveis”, assinala o documento.
​​
Para a OMS, que tem uma política específica para o problema desde 1999, cerca de 90% dos indivíduos que puseram fim às suas vidas cometendo suicídio tinham alguma perturbação mental e que, na altura, 60% deles estavam deprimidos.

A entidade afirma que todos os tipos de perturbações do humor têm sido claramente associados aos comportamentos suicidas. O manual da OMS aponta vários mitos que cercam o suicídio. Alguns deles:

– as pessoas que falam sobre o suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas chamar a atenção;

– o suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso. FALSO. Morrer pelas suas próprias mãos pode parecer ter sido impulsivo, mas o suicídio pode ter sido ponderado durante algum tempo. Muitos indivíduos suicidas comunicam algum tipo de mensagem verbal ou comportamental sobre as suas ideações da intenção de se fazerem mal;

– suicidas querem mesmo morrer ou estão decididos a matar-se. FALSO. A maioria das pessoas que se sentem suicidas partilham os seus pensamentos com pelo menos uma outra pessoa, ou ligam para uma linha telefónica de emergência ou para um médico, o que constitui prova de ambivalência, e não de empenhamento em se matar;

– os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre alguma perturbação mental. FALSO. Os comportamentos suicidas têm sido associados à depressão, abuso de substâncias, esquizofrenia e outras perturbações mentais, além de aos comportamentos destrutivos e agressivos. No entanto, esta associação não deve ser sobrestimada. A proporção relativa destas perturbações varia de lugar para lugar e há casos em que nenhuma perturbação mental foi detectada;

– o suicídio só acontece “àqueles outros tipos de pessoas,” não a nós. FALSO. O suicídio acontece a todos os tipos de pessoas e encontra-se em todos os tipos de sistemas sociais e de famílias;
após uma pessoa tentar cometer suicídio uma vez, nunca voltará a tentar novamente. FALSO. Na verdade, as tentativas de suicídio são um preditor crucial do suicídio.

Em 2017, o Ministério da Saúde lançou o primeiro boletim epidemiológico sobre o suicídio no Brasil, que apontou um aumento na taxa geral – de 5,3 por cem mil indivíduos em 2011 para 5, 7 em 2015 e estabeleceu como meta reduzir em 10% a mortalidade por suicídio até 2020. Em 2018 não foi publicada nova versão do boletim.

]]>
0
Estados Unidos não terão moradia assistida para idosos da classe média https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/05/13/estados-unidos-nao-tera-moradia-assistida-para-idosos-da-classe-media/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/05/13/estados-unidos-nao-tera-moradia-assistida-para-idosos-da-classe-media/#respond Mon, 13 May 2019 10:52:58 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/Affordable_Senior_Housing_4575048002_2-320x215.jpg http://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=128 Com o envelhecimento da população norte-americana, a classe média pode sair perdendo. Em 2050, mais de um quinto da população dos Estados Unidos terá 65 anos ou mais, em comparação com os 15,2% de hoje. Esse aumento de idosos vai demandar muita coisa – inclusive mais moradias assistidas, já que sete por cento dos velhos americanos de hoje demandam atenção permanente de terceiros, ainda que sob a forma de preparo de refeições, transporte e ajuda com os cuidados pessoais.

Nesse mercado gigantesco – que ainda engatinha no Brasil – atuam grandes companhias, como a Welltower, Inc., que possui hoje mais de 660 propriedades e captou 22 bilhões de dólares no ano passado ou a National Healthcare Corporation, principal empresa de serviços de enfermagem, que também arrebanhou 1,06 bilhões de dólares em 2018. São empresas que miram o segmento de mais alta renda. Para os que tem menos recursos, existem programas estaduais e locais de moradia. Mas há todo um segmento intermediário de renda, uma espécie de classe média idosa, que parece não ter para onde correr.

Em artigo publicado na revista eletrônica Health Affairs, Caroline F. Pearson, vice-presidente senior de atenção da saúde na NORC, uma organização de pesquisa independente ligada à Universidade de Chicago e mais cinco pesquisadores, explicam que esse pessoal é geralmente muito rico para se qualificar para os programas públicos, mas não é endinheirado o suficiente para arcar com longas estadas nessas comunidades pagas para idosos.

Os autores do artigo pesquisaram a população dos EUA com 75 anos ou mais em 2029 (os chamados “idosos de amanhã”) e estimaram suas características demográficas, saúde, status cognitivo e funcional e recursos financeiros. Os idosos de 2014 foram divididos em três grupos, de acordo com seus recursos financeiros – os que tem dinheiro para dispensar o sistema de saúde público, os que só operam nessa faixa e o grupo intermediário, cujos recursos ficam acima do teto para o sistema público, mas abaixo do que necessário para bancar a moradia nessas casas coletivas privadas. Em 2029, a faixa de renda média deve ser aquela entre 25 mil e 75 mil dólares.

Segundo os pesquisadores, entre 2014 e 2029, com o envelhecimento da geração baby boomer, haverá uma queda no percentual de idosos de baixa renda e um rápido aumento dos idosos de alta renda. Mas no mesmo período, os idosos com renda média praticamente irão dobrar – de 7,9 milhões para 14.4 milhões. Além de crescer em números absolutos, esse grupo responderá para uma parcela maior do total de população idosa – de 40% em 2014 para 43% em 2029. Na faixa dos 75 aos 84 anos, os idosos passaram de 5,57 milhões em 2014 para 10,81 milhões em 2029. Isso deve aumentar a demanda por moradias assistidas para esse grupo – e exigir outros arranjos e soluções.

Atualmente, segundo os pesquisadores, apenas 14% dos idosos de renda média residem fora de casa, em um ambiente comunitário ou enfermarias. Entre os que ficam em casa, um em cada quatro (1,68 milhões) requerem assistência, muitas vezes assegurada por um memro da família. As projeções indicam que 60% dos idoso de renda média terão limitações de mobilidade que podem impedi-los de ter uma vida independente. Acima dos 85 anos, esse percentual deve chegar a 73%. Seis por cento dos idosos de renda média entre 75 e 84 anos e 15% dos maiores de 85 anos são projetados para terem deficiências cognitivas. E apesar de demandarem cuidados e apoios adicionais, 46% dos idosos de rendimento médio de amanhã não terão como pagar pela moradia assistida, nem mesmo avançando sobre seu patrimônio. Acima dos 85 anos, 1,4 milhões de americanos, ou 39% terão recursos financeiros anuais abaixo desse mínimo necessário, mesmo que queimem seu patrimônio imobiliário.

Os autores do artigo apontam para a necessidade de encontrar soluções alternativas. No setor privado, mencionam a redução nas expectativas do retorno do investimento sobre as moradias, ampliação do uso de tecnologia, para diminuir a demanda de mão de obra, envolvimento de cuidadores familiares e voluntários, preços a la carte e incentivos fiscais para quem atender a essa classe média. No campo público, novas políticas de habitação e saúde, mudança nos limites de elegibilidade para os planos de saúde, além de subsídios e planos de vale para essas residências de idosos. 


]]>
0