Em Tempo https://emtempo.blogfolha.uol.com.br Velhices, longevidade, superação Wed, 26 Aug 2020 17:32:57 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Velhos difundem mais fake news que jovens, dizem pesquisadores norte-americanos https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/13/velhos-difundem-mais-fake-news-que-jovens-dizem-pesquisadores-norte-americanos/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/08/13/velhos-difundem-mais-fake-news-que-jovens-dizem-pesquisadores-norte-americanos/#respond Thu, 13 Aug 2020 14:31:30 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/velho-laptop.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=622 Dois psicólogos da Universidade de Harvard concluíram que os velhos difundem as chamadas fake news com mais facilidade que outras faixas etárias, não apenas por conta do declínio mental que costuma acompanhar o envelhecimento, mas também por cuasa do isolamento social e da pouca intimidade com o mundo digital.

Nadia Brashier é pós-doutoranda em psicologia na Universidade de Harvard, Daniel Schacter é professor de psicologia na Universidade de Harvard. Ambos veicularam sua pesquisa no Current Directions in Psychological Science, a segunda publicação mais antiga da Association for Psychological Science e depois reverberaram o tema num artigo para o jornal Los Angeles Times.

A dupla lembra que falsidades têm 70% mais probabilidade de serem retuitadas do que a verdade. E que quanto mais velho o internauta, maior o envolvimento com as notícias falsas. Durante a campanha presidencial de 2016, os usuários do Facebook com mais de 65 anos compartilharam quase sete vezes mais artigos de sites de notícias falsos do que os usuários jovens. Embora normalmente esse fato seja vinculado ao declínio cognitivo, Brashier e Schacter concluíram que os adultos mais velhos espalhar desinformação por outros motivos.

A memória episódica – atinge o pico por volta dos 20 e 30 anos e depois diminui e em consequência, os mais velhos podem esquecer de detalhes contextuais, pouco importando, por exemplo, se uma história foi publicada pelo Wall Street Journal ou pelo Daily Buzz Live (um site de notícias falsas).

Mas os psicólogos ressaltam que nem tudo decai com a idade e atestam que jovens e velhos acreditam nas afirmações repetidas porque se sentem “fluentes” ou fáceis de entender. “Repetir uma manchete falsa várias vezes na internet ” – alertam – “cria uma ‘ilusão da verdade” que pode enganar tanto os adultos jovens quanto os mais velhos”.

Há ainda processos cognitivos que melhoram com a idade e que poderiam neutralizar essas vulnerabilidades.
“Os adultos mais velhos acumulam uma vida inteira de conhecimento sobre o mundo, o que pode protegê-los da desinformação. Repetir declarações falsas como ‘o animal terrestre mais rápido é o leopardo’, pode enganar os adultos jovens, mas não os mais velhos. Eles se apegam ao que sabem e, se houver, podem discernir melhor as manchetes reais das falsas fora de um ambiente de mídia social.”

Outra possibilidade seria a de que a facilidade de difundir fake news por causa do isolamento dos idosos, que contribuiria para promover o compartilhamento online. Mas os dois psicológicos ressaltam que adultos mais velhos não são a faixa etária mais solitária e que os picos de solidão ocorrem no final dos vinte anos, em meado dos cinquenta e no fim dos oitenta anos.

O problema é que embora a confiança geral aumente com a idade, a capacidade de detectar mentirosos diminui. “Os adultos mais velhos também priorizam objetivos interpessoais, como entreter o público, em detrimento da precisão ao transmitir informações. Combinadas, essas mudanças sociais podem aumentar o apelo de conteúdo falso, especialmente entre os adultos mais velhos que são novos na internet.”

Os números são claros: há dez anos, apenas 8% dos americanos com mais de 65 anos usavam um site de mídia social. Hoje, esse número chega a 40%. “Esses usuários mais velhos provavelmente têm menos experiência com conteúdo sensacionalista. Eles também tendem a misturar anúncios nativos, projetados para parecerem histórias “reais”, com artigos de notícias e não conseguem detectar imagens manipuladas.”

Quanto mais sofisticadas são as técnicas dos produtores de fake news, pior fica a situação. Mas os dois psicólogos dizem que há maneiras dos mais velhos reduzirem a influência social e preencherem as lacunas de sua alfabetização digital. “Eles precisam exercer ceticismo, mesmo quando as notícias vêm de um amigo de confiança. Eles também podem se proteger fazendo cursos gratuitos de avaliação de notícias e aprendendo o básico das mídias sociais. Mas antes antes de tomar medidas proativas, os adultos mais velhos precisam estar cientes de que esse é um problema sério”.

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Velhos não sentem mais solidão que jovens https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/velhos-nao-sentem-mais-solidao-que-jovens/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/velhos-nao-sentem-mais-solidao-que-jovens/#respond Sun, 14 Jun 2020 18:05:02 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/solidao-velho-.jpeg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=557 Velhos não sentem mais solidão que os jovens, ao contrário do que o senso comum preconiza. É o que aponta o estudo Solidão em todo o mundo: diferenças de idade, gênero e cultura na solidão, desenvolvido pelas pelas universidades de Exeter, Manchester e Brunel no Reino Unido e publicado na revista Personality and Individual Differences, a partir de informações de 46.054 pessoas com dades entre 16 e 99 anos de 237 países, ilhas e territórios.

O BBC Loneliness Experiment mostra que a solidão aumenta com o individualismo, diminui com a idade e é maior entre homens do que entre as mulheres. Os mais vulneráveis à solidão são os homens mais jovens vivendo em culturas individualistas.

A professora Manuela Barreto, uma psicóloga portuguesa vinculada à Universidade de Exeter, Reino Unido, e a primeira autora do estudo acha que os resultados têm a ver com a expectativa dos vários grupos etários: “Ao contrário do que as pessoas podem esperar, a solidão não é uma situação única para as pessoas mais velhas. De fato, as pessoas mais jovens relatam maiores sentimentos de solidão. Como a solidão decorre da sensação de que as conexões sociais de alguém não são tão boas quanto desejadas, isso pode dever-se às diferentes expectativas das pessoas mais jovens e mais velhas. O padrão de idade que descobrimos parece manter-se em muitos países e culturas.”

A pesquisa lembra que adolescentes e jovens adultos são vulneráveis à solidão devido à instabilidade de suas redes sociais, relacionadas a mudanças na escola, exploração de identidade ou mudanças físicas que podem tornar os jovens vulneráveis à exclusão. A meia-idade pode ser particularmente vulnerável à solidão, impulsionada pelo status do trabalho, renda, separação ou disponibilidade reduzida de tempo devido a responsabilidades no trabalho e nos cuidados.

Já a solidão entre os idosos, costuma decorrer da perda de pessoas em sua rede social (como resultado de aposentadoria ou luto), por morar só ou pela redução da mobilidade provocada por condições de saúde
A solidão foi medida a partir das respostas para a Escala de Solidão da UCLA, que apresenta questões do tipo: você sente falta de companhia?; você se sente excluído ?; você se sente isolado dos outros? com pessoas ao seu redor? Para cada pergunta, os participantes deveriam indicar a frequência com que isso aconteceu com eles em uma escala variável de 1 (nunca) a 5 (sempre).

Como já foi dito, a solidão diminui com a idade, mas ao fazer a interação entre idade e gênero a pesquisa concluiu que a solidão diminui com a idade para participantes masculinos e femininos, embora o efeito da idade seja um pouco mais forte para homens do que para mulheres.

Por sua vez, os participantes do sexo masculino relataram mais solidão do que as participantes do sexo feminino em todas as idades, mas esse efeito de gênero foi mais fraco para os participantes mais velhos do que os mais jovens ou os de meia idade.

Do ponto de vista científico, a solidão não é um sentimento, mas uma experiência que tem dimensões emocionais e cognitivas. É uma experiência subjetiva influenciada pela personalidade, história e variáveis situacionais.

Há dois tipos de solidão: a reativa e a essencial. A primeira é a solidão ocasional que pode ser vivenciada ao sofrer a perda de uma pessoa significativa ou várias outras perdas, ou uma grande perturbação na vida, como mudar para outra cidade ou país ou separar-se de um ente querido.

A solidão essencial está entrelaçada em nossa personalidade, provavelmente como resultado de experiências de infância ou infância com cuidadores. As pessoas que estão sozinhas em seu âmago não podem simplesmente parar com isso, a menos que sejam submetidas a psicoterapia profunda e demorada.

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Duas novas pesquisas contestam epidemia de solidão entre idosos https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/12/26/duas-novas-pesquisas-contestam-epidemia-de-solidao-entre-idosos/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/12/26/duas-novas-pesquisas-contestam-epidemia-de-solidao-entre-idosos/#respond Thu, 26 Dec 2019 19:11:18 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/woman-3188744_1280-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=353 Idosos, hoje, têm menos probabilidade de enfrentar uma vida de solidão do que teriam 20 anos atrás, mostraram pesquisas recentes realizadas na Europa e nos Estados Unidos. ambos os estudos envolvem um grande número de pessoas e foram realizados num prazo dilatado e os resultados não são muito diferentes.

A partir dos dados de um estudo de longo prazo realizado entre 4.880 holandeses com 55 anos ou mais, entre 1992 e 2016, Bianca Suanet e Theo van Tilburg chegaram a conclusões que contrariam o lugar comum sobre o assunto. O trabalho apoiado pela Universidade de Tiburg e publicado no jornal Psicology and Aging, reconhece que a solidão aumenta com a idade, mas constata que nos grupos que nasceram mais recentemente, ela é menos impactante.

O estudo Psicologia e envelhecimento indica que os idosos têm mais parceiros, têm mais contatos diários e desfrutam de uma rede maior e mais variada de amigos. A individualização não seria, necessariamente, um fator para a solidão. ‘Essa é uma descoberta importante, porque significa que podemos encontrar outras maneiras de combater a solidão. Uma saída ocasional e noites de bingo provavelmente têm menos efeito do que um curso para ensinar idosos solitários a fazer novos contatos e ampliar as amizades existentes.”

Conclusão da dupla: não existe a epidemia de solidão que a mídia costuma destacar. Os idosos estão se tornando menos solitários, mas o problema aumenta eem termos coletivos, já que maiores de 75 anos tem maior probabilidade de ficarem solitários porque parceiros e parentes morrem.

Bianca Suanet recomenda que os idosos cultivem conscientemente seus laços sociais, fazendo amigos que possam ajudá-los a superar a crescente solidão à medida que envelhecem. Sugere ainda que as intervenções para reduzir a solidão se concentrem em reforçar os sentimentos de controle dos idosos, em vez de apenas oferecer atividades sociais.

“As pessoas devem gerenciar suas vidas sociais hoje melhor do que nunca, já que as comunidades tradicionais, que ofereciam meios sociais, como bairros, igrejas e famílias extensas, perderam força nas últimas décadas”, diz a pesquisadora holandesa. “Hoje, os idosos precisam desenvolver habilidades de resolução de problemas e definição de objetivos para manter relacionamentos satisfatórios e reduzir a solidão”.

Na mesma linha segue o estudo realizado pela doutora Louise C.Hawkley, do National Opinion Research Center, uma das maiores organizações independentes de pesquisa social dos Estados Unidos, ligada à Universidade de Chicago e também publicado no jornal Psicology and Aging. Ela e alguns colegas vasculharam os dados de duas pesquisas com idosos, a do National Social Life, Health and Aging Project e a do Health and Retirement Study, para comparar três grupos de adultos norte-americanos nascidos em períodos diferentes ao longo do século XX.

Os dados de 3.005 adultos nascidos entre 1920 e 1947 foram analisados entre 2005 e 2006. Nova rodada de interpretação, agora de 3.377 pessoas – incluindo aas que estavam vivas e tinham participado do primeiro estudo – foram checados entre 2010 e 2011. A terceira pesquisa, de 2015 a 2016, envolveu 4.777 adultos, que incluíram uma amostra adicional de adultos nascidos entre 1948 e 1965 aos respondentes sobreviventes das duas pesquisas anteriores.

O objetivo era examinar o estado civil, número de membros da família, nível educacional, saúde geral e grau de solidão dos participantes, criando uma escala de ruim a excelente. Eles descobriram que a solidão diminuiu entre as idades de 50 e 74, mas aumentou após os 75 anos, mas não houve diferença na solidão entre os baby boomers e os adultos com idades semelhantes das gerações anteriores.

“Os níveis de solidão podem ter diminuído para adultos entre 50 e 74 anos, porque eles tiveram melhores oportunidades educacionais, assistência médica e relações sociais do que as gerações anteriores”, disse Hawkley.

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