Em Tempo https://emtempo.blogfolha.uol.com.br Velhices, longevidade, superação Wed, 26 Aug 2020 17:32:57 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Vacinas contra coronavírus podem falhar com idosos, alertam pesquisadores canadenses https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/23/vacinas-contra-coronavirus-podem-falhar-com-idosos-alertam-pesquisadores-canadenses/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/23/vacinas-contra-coronavirus-podem-falhar-com-idosos-alertam-pesquisadores-canadenses/#respond Thu, 23 Jul 2020 14:07:56 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/vaccine-4946480_640-320x215.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=599 O alerta foi feito por dois imunologistas e professores canadenses da Universidade de Ghelp, Byram W. Bridle e Shayan Sharif ao blog The Conversation: os vacinologistas – e eles se incluem no grupo – têm falhado ao ignorarem o fato de que os velhos respondem mal às vacinas contra a gripe – o que faz supor que o mesmo vá acontecer em relação à imunização contra o novo coronavírus.

Isso acontece por causa do fenômeno que os imunologistas chamam de imunossenescência, que é o declínio do sistema imunológico que acompanha o envelhecimento. É por essa razão que os velhos têm mais doenças inflamatórias – na verdade, eles respondem pior aos ataques e são mais propensos, entre outras mazelas, a desenvolverem doenças respiratórias. E é aí que mora o perigo do novo coronavírus: a principal infecção causada pelo SARS-CoV-2 é a justamente a inflamação no trato respiratório.

Bridle e Sharif alertam para o fato de que a maior parte da experiência da comunidade científica no desenvolvimento de vacinas está ligada a testes realizados com pacientes jovens. “ O fato de as pessoas idosas não responderem bem às imunizações tem sido amplamente ignorado na maioria das discussões sobre as vacinas COVID-19, apesar de este ser o grupo de maior necessidade”, afirmam no artigo.

Os canadenses propõem um método prático de testar o que afirmam – sugerem que os leitores encontrem o maior número possível de artigos de pesquisa originais sobre o tema do desenvolvimento de vacinas que usaram testes em animais (pode ser para qualquer doença) e olhem na subseção da seção “materiais e métodos”, para verificar a idade dos animais.

A dupla diz ter ficado chocada com a descoberta: os ratos, animais mais comuns usados na pesquisa pré-clínica de vacinas, têm, na maior parte dos casos, 12 semanas ou menos, o que equivale a pessoas com 20 anos ou menos. “É comparativamente muito mais raro os estudos usarem camundongos imunosenescentes com pelo menos 18 meses de idade, equivalentes e humanos idosos.” No caso de estudos envolvendo primatas não humanos, como os macacos Rhesus, estes têm entre três e seis anos de idade, o que equivale a um adolescente ou adulto jovem.

“Os ensaios clínicos de fase inicial”, seguem os dois pesquisadores, “concentram-se na segurança, não na eficácia das vacinas. Portanto, muitas vacinas nunca são testadas no contexto do sistema imunológico envelhecido até os ensaios clínicos de Fase 2 e 3. O tempo para descobrir que uma vacina não funciona bem no contexto da imunossenescência não é neste estágio extremamente tardio, quando é tarde demais para resolver o problema. Esse teste deve começar na fase pré-clínica em que um processo iterativo pode ser seguido para adaptar uma vacina para um sistema imunológico senescente.”

O problema tem origem banal: os fornecedores de animais criados para fins de pesquisa não possuem a quantidade suficiente de animais velhos. A maioria dos ratos antigos disponíveis são da linhagem C57BL, que é a cepa mais comum usada na pesquisa e é conhecida por possuir um sistema imunológico com forte tendência a respostas efetivas contra vírus e entre estes camundongos idosos, muitos desenvolvem uma forma mais grave de SARS depois da infecção, do mesmo modo que acontece com os humanos idosos.

“O uso excessivo de camundongos jovens com sistemas imunológicos ideais para respostas antivirais e com doenças menos graves pode influenciar os resultados de uma maneira que superestima o potencial das vacinas em ter um bom desempenho em idosos”, alertam os dois professores canadenses.

Embora as pessoas acima de 65 anos concentrem os casos mais graves da COVID 19, os canadenses suspeitam que a maioria das vacinas que estão na fase 3 não foram submetidas à otimização pré-clínica para uma população idosa, o que significa que a primeira geração de imunizantes contra o novo coronavírus podem simplesmente não serem eficientes para os que mais precisam.

“Para a pandemia do COVID-19,”concluem os dois cientistas, “é tarde demais para voltar e incorporar essas considerações em testes pré-clínicos. No entanto, é imperativo que os pesquisadores ainda na fase pré-clínica incorporem testes frente a frente de seus candidatos a vacina em animais jovens versus idosos e desenvolvam estratégias para otimizá-los neste último. Isso ajudará o mundo a se preparar para o próximo surto de um perigoso coronavírus. Nesse sentido, o foco nos idosos deve ser incorporado a outros programas de desenvolvimento de vacinas, incluindo aqueles para o tratamento de câncer, que têm maior incidência em idosos(…) Embora alguns pesquisadores realizem estudos de vacinas em animais velhos , muito mais vacinologistas precisam levar em conta a peculiaridade dos idosos – e isso é de crescente importância para países com populações em envelhecimento. O que significará mudar a filosofia atual do campo de desenvolvimento de vacinas e incorporar a idade como uma variável crítica.”

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Parte dos estudos sobre Covid 19 nos EUA deixam velhos de fora https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/22/parte-dos-estudos-sobre-covid-19-nos-eua-deixam-velhos-de-fora/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/22/parte-dos-estudos-sobre-covid-19-nos-eua-deixam-velhos-de-fora/#respond Mon, 22 Jun 2020 09:56:02 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/medicamentos-.jpg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=563 Um quarto dos estudos norte-americanos sobre a Covid 19 podem deixar de fora justamente o grupo etário mais ameaçado: os velhos. Ao revisar 241 estudos e ensaios listados num site governamental – o clinicaltrials.gov, mantido pelo National Institutes of Health – a geriatra Sharon K. Inouye, professora da Harvard Medical School, descobriu 37 com um limite de idade e outros 27 que, mesmo sem essa limitação, foram montados de modo que a população idosa corre o risco de ficar de fora.

Alguns desses 27 estudos excluíram pessoas com doenças comuns entre os mais velhos, como a hipertensão ou o diabetes. Outros permitem, por exemplo, que o pesquisador descarte um paciente com deficiência auditiva, para não perder tempo. Há ainda ensaios que não admitem quem tome vários medicamentos, o que usual entre os velhos.

Ao compilar os resultados preliminares, ainda não publicados, a doutora Inouye constatou que cerca de um quarto dos estudos norte-americanos podem excluir ou sub-representar os idosos. E deu o alerta para a colunista Paula Span, do New York Times:

“Daqui a um ano, quando esses testes forem publicados, não gostaria de ver que eles não incluem quem tem mais de 75 anos. Se criarem uma droga que funcione muito bem em pessoas saudáveis de 50 e 60 anos, perderão o barco”.

Dados do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos indicam que 80% das mortes por COVID-19 ocorreram em pessoas com 65 anos ou mais.

A barreira etária se repete em estudos internacionais examinados pela equipe da doutora Inouye, embora o estudo tenha se debruçado sobre os trabalhos listados no site norte-americano.

Na tentativa de evitar esse viés etário, o National Institutes of Health (correspondente à nossa Agência Nacional de Saúde, mas muito mais poderosa) passou a exigir no ano passado, antes da pandemia, portanto, que os estudos financiados incluíssem “indivíduos ao longo da vida”, a menos que os pesquisadores forneçam uma “justificativa aceitável” para a exclusão. Caso contrário, nada de recursos. A maioria dos ensaios clínicos, no entanto, tem financiamento privado e não precisa obedecer essa norma.

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Velhos não sentem mais solidão que jovens https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/velhos-nao-sentem-mais-solidao-que-jovens/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/velhos-nao-sentem-mais-solidao-que-jovens/#respond Sun, 14 Jun 2020 18:05:02 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/solidao-velho-.jpeg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=557 Velhos não sentem mais solidão que os jovens, ao contrário do que o senso comum preconiza. É o que aponta o estudo Solidão em todo o mundo: diferenças de idade, gênero e cultura na solidão, desenvolvido pelas pelas universidades de Exeter, Manchester e Brunel no Reino Unido e publicado na revista Personality and Individual Differences, a partir de informações de 46.054 pessoas com dades entre 16 e 99 anos de 237 países, ilhas e territórios.

O BBC Loneliness Experiment mostra que a solidão aumenta com o individualismo, diminui com a idade e é maior entre homens do que entre as mulheres. Os mais vulneráveis à solidão são os homens mais jovens vivendo em culturas individualistas.

A professora Manuela Barreto, uma psicóloga portuguesa vinculada à Universidade de Exeter, Reino Unido, e a primeira autora do estudo acha que os resultados têm a ver com a expectativa dos vários grupos etários: “Ao contrário do que as pessoas podem esperar, a solidão não é uma situação única para as pessoas mais velhas. De fato, as pessoas mais jovens relatam maiores sentimentos de solidão. Como a solidão decorre da sensação de que as conexões sociais de alguém não são tão boas quanto desejadas, isso pode dever-se às diferentes expectativas das pessoas mais jovens e mais velhas. O padrão de idade que descobrimos parece manter-se em muitos países e culturas.”

A pesquisa lembra que adolescentes e jovens adultos são vulneráveis à solidão devido à instabilidade de suas redes sociais, relacionadas a mudanças na escola, exploração de identidade ou mudanças físicas que podem tornar os jovens vulneráveis à exclusão. A meia-idade pode ser particularmente vulnerável à solidão, impulsionada pelo status do trabalho, renda, separação ou disponibilidade reduzida de tempo devido a responsabilidades no trabalho e nos cuidados.

Já a solidão entre os idosos, costuma decorrer da perda de pessoas em sua rede social (como resultado de aposentadoria ou luto), por morar só ou pela redução da mobilidade provocada por condições de saúde
A solidão foi medida a partir das respostas para a Escala de Solidão da UCLA, que apresenta questões do tipo: você sente falta de companhia?; você se sente excluído ?; você se sente isolado dos outros? com pessoas ao seu redor? Para cada pergunta, os participantes deveriam indicar a frequência com que isso aconteceu com eles em uma escala variável de 1 (nunca) a 5 (sempre).

Como já foi dito, a solidão diminui com a idade, mas ao fazer a interação entre idade e gênero a pesquisa concluiu que a solidão diminui com a idade para participantes masculinos e femininos, embora o efeito da idade seja um pouco mais forte para homens do que para mulheres.

Por sua vez, os participantes do sexo masculino relataram mais solidão do que as participantes do sexo feminino em todas as idades, mas esse efeito de gênero foi mais fraco para os participantes mais velhos do que os mais jovens ou os de meia idade.

Do ponto de vista científico, a solidão não é um sentimento, mas uma experiência que tem dimensões emocionais e cognitivas. É uma experiência subjetiva influenciada pela personalidade, história e variáveis situacionais.

Há dois tipos de solidão: a reativa e a essencial. A primeira é a solidão ocasional que pode ser vivenciada ao sofrer a perda de uma pessoa significativa ou várias outras perdas, ou uma grande perturbação na vida, como mudar para outra cidade ou país ou separar-se de um ente querido.

A solidão essencial está entrelaçada em nossa personalidade, provavelmente como resultado de experiências de infância ou infância com cuidadores. As pessoas que estão sozinhas em seu âmago não podem simplesmente parar com isso, a menos que sejam submetidas a psicoterapia profunda e demorada.

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Velhos sedentários e superatletas não se diferenciam nas academias https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/07/velhos-sedentarios-e-superatletas-nao-se-diferenciam-nas-academias/ https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/07/velhos-sedentarios-e-superatletas-nao-se-diferenciam-nas-academias/#respond Sat, 07 Sep 2019 11:04:39 +0000 https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/idosos-pesos--320x215.jpeg https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/?p=251 Velhas e velhos sedentários que não frequentam academias, nem fazem exercícios regularmente podem ganhar músculos tão facilmente quanto superatletas da mesma idade. Essa é a principal descoberta da pesquisa feita pela equipe da School of Sport and Exercise Science da Universidade de Birmingham na Inglaterra, que acaba de ser publicada na revista Frontiers in Physiology.

Como acontece com alguma frequência no mundo da ciência, onde as convicções são submetidas à lógica, a hipótese de trabalho da equipe liderada pela doutora Leigh Breen não se sustentou na prática. A ideia dos cientistas era que os superatletas idosos recuperariam mais facilmente os músculos, quando submetidos a programas de treinamento.

Para testar a ideia, estudaram dois grupos: o primeiro composto por pessoas entre 70 e 80 anos que se exercitam há muitos anos e ainda competem nos níveis mais altos de seus esportes e o segundo por indivíduos saudáveis da mesma idade, mas que jamais tinham participado de um regime estruturado de exercícios. A turma do sofá ou da cadeira de balanço, digamos.

O objetivo era comparar as taxas da síntese protéica miofibrilar integrada (iMyoPS) e da sinalização intracelular induzidas pelo estado de repouso e de exercício nos superatletas e em indivíduos não treinados.
Os participantes receberam um marcador de isótopo, na forma de um copo de água ‘pesada’, e fizeram uma rodada de exercícios com pesos. Nas 48 horas antes e após o exercício, os pesquisadores fizeram biópsias musculares do tecido muscular de cada participante buscando sinais de como os músculos estavam respondendo.

Resultado: diferença zero entre atletas e sedentários.

O  músculo esquelético representa a maioria do tecido muscular e é o tipo de músculo que impulsiona o movimento do esqueleto, como caminhar e levantar. Sofre uma perda progressiva com a idade, a chamada sarcopenia, provavelmente decorrente de alterações hormonais, mas agravada por fatores ambientais e de estilo de vida – má nutrição, obesidade e atividade reduzida.

O treinamento físico estruturado crônico altera as taxas de renovação aguda de proteína muscular em indivíduos jovens e idosos e quem começa a treinar no início da idade adulta e continua treinando pode compensar ou retardar a perda muscular. Mas os cientistas ainda sabem pouco sobre o impacto do treinamento físico crônico na regulação metabólica e molecular in vivo da massa muscular esquelética entre idosos.

Ao jornal Jerusalem Post, a doutora Leigh Breen afirmou: “Nosso estudo mostra claramente que não importa se você não se exercita regularmente ao longo da vida, ainda pode se beneficiar do exercício sempre que começar. Obviamente, um compromisso de longo prazo com boa saúde e exercício é a melhor maneira de alcançar a saúde de todo o corpo, mas mesmo começando mais tarde irá ajudar a retardar a fragilidade relacionada à idade e a fraqueza muscular”.

Segundo a doutora Breen, cuidar do jardim, subir ou descer escadas ou carregar uma sacola de compras podem ajudar, se realizadas como parte de um regime regular de exercícios.

Portanto, sedentários de todo mundo, uni-vos. Nada tendes a perder, senão as pelancas.

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